Aldir Blanc

Fala besteirinha!

Aldir Blanc

22.12.11

Acho que todos temos duas iniciações importantes: o primeiro contato com alguma coisa que internamente reconhecemos como trazendo uma emoção diferente de tudo experimentado até aquele momento. A segunda iniciação é o ato sexual propriamente dito, ou melhor, praticado. Minha primeira, no sentido que descrevi, foi muito precoce, dando inteira razão a Freud sobre a malícia das crianças. Despi, no quarto de brincar que ficava nos fundos da casa-paraíso de Vila Isabel, a filha de uma empregada, mais ou menos da mesma idade que eu, uns 7 anos.

Ver ou não ver, eis a questão

Aldir Blanc

15.12.11

A pedido do meu inesquecível irmão, Marco Aurélio Braga Nery, Monique pousou para a capa do CD 50 anos. Aquela perna linda não é montagem! Foi apoiada no braço de minha poltrona, de sapato vermelho no pezinho! Eu, aparvalhado, estava com lipotimia na referida poltrona. (...) Eu, de copo em punho e cigarrilha, procurava não olhar a Monique com a mínima calcinha exibindo a, digamos, segunda testa a um palmo de meu avantajado nariz! O que um tijucano faz numa hora dessas? Mari conferia tudo com olhos de águia.

Ilusões perdidas

Aldir Blanc

08.12.11

Desde 1978, quando o Peru se autossodomizou para que a Argentina metesse 6 vezes, tirando o Brasil da disputa pelo título, que prometo parar com a fissura em futebol e ir pescar. (...) Creio que, diante do último brasileirão, do esquema Corinthians e Ricardo Teixeira, devastado pelo grande Tostão, do dedo de Lula na mutreta do estádio em Itaquera, juro que pegarei em meus combalidos caniço e samburá, e pescarei, nem que seja no chafariz da praça Xavier de Brito. Estou absolutamente farto!

Hostes cruzmaltinas

Aldir Blanc

03.12.11

Não estou empolgado (herança paterna: já expliquei em carta anterior) com a última rodada do Brasileirão. Acho que o Vasco cumpriu seu dever. Foi mais longe do que o previsto. Não dá para ficar otimista quando o próprio clube erra na contagem de cartões amarelos de um jogador fundamental, e um jornalista é que revela a mancada.

Em matéria de monstro

Aldir Blanc

24.11.11

Antes da esculhambação que darei num (in)certo poder de nossa pátria amada, ficaram faltando dois causos envolvendo aviões: na década de 70, em plena ditadura, João Bosco e eu passávamos pela vistoria de bagagem no aeroporto de Manaus, Zona Franca em todos os sentidos. Eu havia comprado uma pequena filmadora. Durante a revista, apareceu um sujeito grandalhão, de terno, com bigodes de Zapata, e mostrou a carteira de policial: - João Bosco e Aldir Blanc? Amigo, não sei o que o João sentiu. Para mim, foi igual ao momento gelado na coluna quando foi aplicada a morfina, antes de minha cirurgia de fêmur.

O mestre-sala dos ares

Aldir Blanc

17.11.11

Peguei uma turbulência, voltando de Belo Horizonte, que abriu os armários da nave satânica e milhares de coisas rolaram com estrépito pelo maldito corredor. Dessa vez foi o João Bosco quem me deu umas talagadas de meu próprio cantil mágico porque eu me encontrava em estado semicomatoso. Achei que estávamos rachando em pleno ar e minha pressão caiu. Dentro de aviões, minha pressão arterial é conhecida, hoje, como Neymar.

Contra a urucubaca e o escárnio

Aldir Blanc

10.11.11

Minha carta passada recebeu dois tipos de reclamação: um verdadeiro irmão ficou triste porque eu não escrevi o nome de seu time, o Flamengo. Quero esclarecer que não tenho problemas com o Flamengo, mas sim com a canalha que se apropriou da brincadeira Fla-Madri para faturar um troco. Eu sei quanto fui zoado. Talvez alguns não lembrem que o jogo Vasco x Real Madri foi de manhã cedo. O volante Nasa, provando definitivamente para que servem os tais cabeças de área, jogou contra o patrimônio.

Não ganharemos a Copa em casa

Aldir Blanc

03.11.11

Um amigo foi a São Paulo ver um jogo e ficou o tempo todo prestando atenção em Adilson Já-Caiu. Meu amigo, com papel e lápis, fazia um pauzinho para cada "instrução" do elogiado técnico (as torcidas que o brindaram com diversos nomes podem confirmar quanto ele foi elo- giado...). (...) Para resumir esses excelentes salários que não coincidem com a realidade em campo, podemos citar a figura zen do Enrolador-Mor: Mano Menezes. À exceção de raras jogadas individuais, ainda não consegui ver N-A-D-A na seleção (...). Não ganharemos a Copa em casa - até porque a casa não é nossa. Trata-se de um aparelho do PC do B.

Valium 10, o futebol

Aldir Blanc

27.10.11

Bom, vamos ao meu valium 10 (menos quando joga o Vasco), o futebol. Sou um torcedor heterodoxo, supercrítico. Meu pai me levou desde pequeno ao Maracanã. Comprou uma bandeirinha do Vasco pra mim. Era minúscula, em formato de flâmula. Embora as arquibancadas fossem em degraus, toda vez que eu ameaçava levantar a bandeira, ele cortava: - Abaixa isso pra não atrapalhar a visão de quem está atrás. Pra que dar uma bandeira a um garoto se ele não pode balançá-la?

Cada caso é um caso

Aldir Blanc

20.10.11

No acidente que sofri, estávamos minha mulher e eu, parados no fim de um engarrafamento. Um idiota de 18 anos, meio bêbado, talvez maconhado, entrou a uns 80 por hora na traseira de nosso carro. Meu joelho chocou-se contra o porta-luvas e a pressão quebrou o osso em lascas verticais, ao contrário da comum fratura transversa. Muito depois, soube que o cara havia largado o volante para agredir a namorada. Uma coisa que não consigo esquecer: eu estava estirado na rua, apoiando minha mulher com a cabeça ensanguentada. Um cara tentava ajudar e a consorte gritava: - Deixa isso pra lá, Beto! Vamos embora daqui! Tem sangue! A gente pode pegar aids!