André Conti

Que época pra se viver, diz aí

André Conti

15.04.11

Nos últimos dois anos, fui tentando recompor as peças daquele fim de semana, e anotei de cabeça algumas coisas que eu sei que aconteceram: conheci o Scott, tive uma longa conversa com ele, ficamos amigos imediatamente e, mais tarde, tivemos a mesma conversa, nos apresentamos de novo, ficamos amigos, lembramos que já nos conhecíamos; dancei com Joana, Renata, Ivana, Bebel (ela riu de meu samba rock), Juliana e Francisco; eu e você bebemos um balde de uísque; voltamos numa van, umas quinze pessoas em silêncio, ouvindo o funk "Vou cair na sacanagem/ nas casas de massagem".

Chega de carro sem airbag, velhinho

André Conti

11.04.11

Na faculdade eu escrevi contos, não sei onde estava com a cabeça. São uns textos pretensiosos, forçados, ainda bem que só um foi publicado. Mas vou roubar nomes de personagens, duas cenas e uma oração, "No Ceará a terra treme todo dia", que não sei como vou encaixar, posto que meu livro se passa a uma distância razoável de Fortaleza.

Parasitas do afeto humano

André Conti

01.04.11

Não lembro bem em que momento, mas nós compramos uma cadela. Minha única exigência foi que a batizassem de Nádia, em homenagem à companheira de Vladimir Ilich, o nosso Lênin. Era um labrador marrom, extremamente estúpido, com essa agressividade afetuosa dos cães bobões.

Eu me sinto em casa aí

André Conti

22.03.11

As chagas da aviação brasileira são outras, claro, mas para mim o pior de ir ao sul é o risco de turbulência de ar claro, muito comum do Rio Grande pra baixo. É aquela turbulência que o piloto não consegue antecipar, e que promove uma perda rápida de altitude, o que por sua vez gera desconforto, pavor e morte (se a pessoa está sem cinto e bate a cabeça no teto).

Emergências quelônicas

André Conti

16.03.11

O Ulysses é um livro sobre você. Sobre mim. É um livro que fala intimamente de nossos amigos e de nossas famílias. O dia do sr. Bloom é a vida de cada um de nós, e tudo acontece: pessoas morrem, se apaixonam, traem, fazem pequenas e grandes contravenções.

Abba! Adonai!

André Conti

10.03.11

A tradução do Ulysses está andando bem. Ele e o Paulo Henriques já fecharam mais de dez capítulos. Agora vou ler, dar pitacos e devolver. Eles decidem o texto final, claro, todavia pretendo bater o pé em diversas questões impertinentes. Mas sério, estou ansioso pra cacete, e o livro sai só em janeiro, vai ser dureza. Você acompanhou o caminho todo que a tradução fez até a gente fechar, uma sequência de coincidências e sortes, e fiquei feliz da vida que tenha dado certo. O Galindo passou anos trabalhando nisso, entre todas as revisões, e há muito tempo que falamos dessa edição. Misto de alívio e pânico agora que começamos de fato.

Pingue-pongue predial

André Conti

01.03.11

O grande barato do ving tsun está na economia de movimentos. Tudo precisa ser realizado no menor espaço possível, ocupando as brechas entre você e o oponente de maneira rápida e eficaz. A expressão máxima disso é o Soco de Uma Polegada do Bruce Lee, um "golpe de marketing" para encher academia, mas que não deixa de ser impressionante.

Nonada

André Conti

23.02.11

Mas eu gosto de nadar, sim. O que não suporto é o exercício por obrigação, a fadiga, superar limites, essas porras. Acho uma grande papagaiada, mas tudo bem. Entendo, admiro e respeito quem curte, de verdade, mas o esporte profissional é um mistério pra mim. Não consigo imaginar que alguém passe a vida acordando cedo e sofrendo o dia todo para chegar antes que outra pessoa numa corrida, ou marcar mais "cestas", ou sei lá o quê. Todavia, imagino que esportistas devem sacanear quem joga boxe no videogame, então estamos quites.

Proust, Mario Bros e o Sr. Gallimard

André Conti

16.02.11

Fala, bicho, Excelente o fim de semana, hein? Pena que não deu para virar o Super Mario Galaxy 2. Todavia, considero dez horas de jogo e cerca de vinte e cinco estrelas conquistadas um feito e tanto, ainda mais por termos passado daquela fase nauseabunda, que custou duas horas do domingo. E engraçado que você... Continue reading

Hullo old chaps

André Conti

08.02.11

Acabou que tomamos um porre gigantesco de gim e rum, num pub infecto ao lado de King's Cross. Duas mulheres bem mais velhas que nós estavam jogando dardos, e a gente praticou o gangsterismo afetivo intenso pra cima delas, ainda que sem sucesso. Derrotados, voltamos aos berros pelo metrô e comecei a notar que meu chapa era encrenqueiro. Na descida da escada rolante, ele virou a bunda para dois engravatados que vinham na outra direção e fez um HULLO OLD CHAPS, mexendo as nádegas.