Rafael Cardoso

Sobre as ruínas do museu

Rafael Cardoso

12.12.18

Muito ao contrário de aquilatar certezas, os melhores museus hoje cortejam ativamente o questionamento e a contestação. Antes queridos dos mais tradicionalistas, viraram alvo de fúrias conservadoras. Se o mofo foi espanado no plano das ideias, o mesmo não pode ser dito sobre a realidade cotidiana dos museus no Brasil. Com honrosas exceções, continuamos a nos debater com poeira, cupins, goteiras, roubos e incêndios.

Xadrez na Dinamarca

Rafael Cardoso

26.12.17

É difícil resistir à tentação de atribuir significados fatídicos à imagem de Bertolt Brecht e Walter Benjamin jogando xadrez na Dinamarca em 1934. A relação entre esses autores – dois dos maiores vultos da cultura alemã no século XX – foi intensa e duradoura. Com uma exposição e novas biografias, embora nunca tenham saído de cena, Brecht e Benjamin estão de volta com força total.

O maior pintor do Brasil

Rafael Cardoso

16.03.17

Provocou inveja e amargura, em certo meio mais do que restrito, a declaração de Luiz Zerbini de que Elvis Almeida seria “no momento, o maior pintor do Brasil”. O comentário conseguiu desagradar tanto a artistas veteranos, que se acharam preteridos, quanto a outros mais novos, que gostariam de ter sido alvo de um elogio tão público. Não pretendo entrar minimamente no mérito dessa questão. O que se quer discutir aqui é outra coisa: a quem serve esse processo de lançar uma nova promessa?

Liberdade e luta

Rafael Cardoso

10.01.17

John Berger, falecido no último dia 2, não se contentava com pouco. Aliás, pouco se contentava. Era um radical, no melhor sentido do termo. Desde seu combativo, e delicioso, primeiro livro de ensaios críticos, nunca deixou de denunciar a ganância por poder, dinheiro e celebridade que põe em perigo os valores mais essenciais da humanidade, nem poupou as manobras de um meio cultural que busca enredar a arte em tramas e discursos capazes de esvaziá-la de seu sentido crítico e alinhá-la com os interesses de quem o controla. Tal procedimento, ele nomeava, em alto e bom som marxista, como ‘mistificação’. Arte, para Berger, era liberdade e luta.