Rio, de Marc Ferrez

Rio, de Marc Ferrez

Ferrez e Andujar no Prêmio Jabuti

Em cartaz

24.10.16

Dois livros publicados pelo Instituto Moreira Salles estão entre os finalistas da 58ª edição do tradicional Prêmio Jabuti, concedido anualmente pela Câmara Brasileira do Livro. Tanto Rio, de Marc Ferrez, como Claudia Andujar – No lugar do outro, figuram entre os dez títulos selecionados pelos jurados na categoria Arquitetura, Urbanismo, Artes e Fotografia. Os três vencedores (primeiro, segundo e terceiro lugares) em cada uma das 27 categorias serão conhecidos no dia 11 de novembro.

Rio reúne aproximadamente 200 imagens do fotógrafo que nasceu (1843) e morreu (1923) no Rio de Janeiro, e fez da cidade um apaixonado objeto de trabalho, registrando as belezas naturais e também as transformações urbanas que mudaram a face da metrópole. O conjunto foi selecionado por Sergio Burgi, coordenador de fotografia do IMS, e por Mariana Newlands, assistente de curadoria (também responsável pela edição e projeto gráfico da obra), no acervo de 15 mil imagens da Coleção Gilberto Ferrez, que adquirida pelo IMS em 1998. Juntas, as fotografias formam um retrato precioso desse Rio em pleno processo de urbanização entre a segunda metade do século XIX e o início do XX, seguindo um percurso que vai desde as imagens de florestas e cascatas, até a construção e inauguração da moderna Avenida Central, em 1904, incluindo paisagens à beira-mar e monumentos históricos.

O livro, de 264 páginas, foi pensado e publicado em conjunto com Rio, obra que traz fotos de uma cidade mais contemporânea registrada pelo canadense Robert Polidori. Ambos foram editados em parceria com a casa alemã Steidl, que tem longa tradição em livros de fotografia e arte. Para conseguir uma impressão de qualidade, que revelasse todos os detalhes das fotos de Ferrez, os negativos em vidro originais foram digitalizados no IMS em altíssima resolução, com uma câmera de última geração.

Claudia Andujar – No lugar do outro, livro-catálogo que acompanhou a exposição de mesmo nome realizada no IMS-RJ entre agosto e novembro de 2015, é resultado de dois anos de pesquisa no acervo da fotógrafa de origem húngara. O organizador da mostra e do livro, Thyago Nogueira, editor da ZUM, revista de fotografia publicada pelo IMS, selecionou imagens feitas entre as décadas de 1960 e 1970, anteriores ao longo e celebrado trabalho com os índios Yanomami pelo qual Claudia Andujar, uma das mais importantes fotógrafas brasileiras, acabou se tornando mais conhecida.

O livro acompanha a divisão proposta pela exposição, e apresenta ao público quatro núcleos distintos de imagens feitas por Claudia em suas viagens pelo Brasil, onde se estabeleceu em 1955: a imersão antropológica, presente na série “Famílias brasileiras” (1962-1964)”; o fotojornalismo exposto em “Histórias reais” (1967-1971), que reúne parte da produção para a revista Realidade; as experimentações urbanas (“Cidade gráfica”, com trabalhos feitos em São Paulo entre 1970 e 1976, num período de grande experimentação artística); e o interesse pela natureza, com registros (1970-1972) da região amazônica, também para a revista Realidade, retratando a região que passava por uma mudança gigante, com abertura de estradas, fazendas e assentamento de trabalhadores. Nesta série, a fotógrafa recorreu a filtros e recursos como a subexposição, dando um toque de irrealidade às imagens.

O conjunto, como evidencia a leitura do catálogo, revela ao público uma fotógrafa guiada por uma visão humanista, que mergulhou em uma realidade completamente distinta daquela que conhecia e fez de sua câmera um instrumento “para entender o outro e conhecer a si própria”.

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