José Geraldo Couto

2016, entre sinistro e sublime

José Geraldo Couto

30.12.16

Num ano de grandes traumas no Brasil e no mundo, o cinema, se não serviu para consertar nada, ao menos nos ajudou a manter aguçados o olhar e a sensibilidade. Atendo-nos aos títulos lançados no circuito comercial, alguns veteranos fundamentais (Bellocchio, Verhoeven, Almodóvar, Clint Eastwood, Woody Allen) marcaram presença, ao lado de estreantes promissores, como Robert Eggers, do surpreendente A bruxa.

Sonhos e pesadelos

José Carlos Avellar

20.05.15

Se aceitarmos a hipótese de gostar de um filme sem exatamente compreender o que ele nos fala, por falta de conhecimento da cultura que inspirou sua invenção, chegamos perto da sensação provocada por Cemitério do esplendor, de Apichatpong Weerasethakul, exibido em Cannes na mostra Un certain regard. Nele, estamos na fronteira entre os vivos e os mortos, entre o que percebemos nos sonhos e o que vemos quando despertos.

Sons inexistentes

Bernardo Carvalho

22.02.12

Todo mundo que eu conheço gostou de O artista. O que torna tanto mais difícil e constrangedor explicar para todo mundo por que acho O artista um lixo. Tem a ver com o que eu chamo de falta de autoria, que é um argumento subjetivo e em grande parte duvidoso, eu concordo, porque também não é de toda autoria que eu gosto. Não gosto, por exemplo, dos filmes de Zhang Yimou, que têm um estilo tão imediatamente reconhecível quanto os livros do Paulo Coelho ou de Danielle Steel, à sua maneira. O artista não tem autoria. E isso tampouco quer dizer que ele seja mais ou menos comercial, mais ou menos holywoodiano.