José Geraldo Couto

Os grandes sóis violentos

José Geraldo Couto

27.04.17

“O sonho acabou; quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou.” A frase da canção de Gilberto Gil talvez seja uma maneira de resumir em poucas palavras o espírito de No intenso agora. Qualquer descrição ou sinopse será empobrecedora e ilusória, inclusive esta: o documentário de João Moreira Salles, exibido no Rio e em São Paulo no festival É Tudo Verdade, organiza e discute imagens filmadas na China maoísta de 1966, na França de maio de 1968, na Tchecoslováquia da Primavera de Praga e no Brasil da ditadura militar.

Vida longa ao espírito revolucionário

Carla Rodrigues

07.11.16

O silêncio é, de certa forma, o protagonista de um filme de juventude de Anri Sala, Intervista (Finding the Words), realização de 1997 quando Sala ainda era estudante de cinema em Paris. Havia apenas cinco anos a pequena Albânia tinha deixado de ser um país comunista, e Sala encontra no fundo de uma caixa um rolo de filme de 1977. Nele, sua mãe, Valdet Sala, então uma das jovens lideranças políticas, participa de uma solenidade oficial do partido e concede uma entrevista. No entanto, embora as imagens estejam intactas, o áudio do filme se perdeu. É aí que entra o subtítulo do filme – procurando as palavras –, que lança Sala numa aventura de recuperação das falas da mãe.

A mesma água que mata a sede é a que afoga

Bernardo Carvalho

22.10.14

Difícil é pensar sem claque. É aí que está a possibilidade de um pensamento independente de verdade, nesse escândalo sem defensores de primeira hora, nessa irrupção sem seguidores (à esquerda e à direita), nessa coragem que é ao mesmo tempo antevisão e suicídio, ato de loucura e gesto artístico. São raros os casos de pensadores desse calibre. Pasolini era um deles.

Os olhos de Eisenstein

José Carlos Avellar

29.01.14

Ameaça comunista: o filme foi visto "como um dado a mais para o debate político entre esquerda e direita, que fechava o cerco em torno do governo João Goulart", escreve José Carlos Avellar sobre Ivan, o Terrível - parte 2, de Sergei Eisenstein, um dos filmes que marcaram o ano de 1964 no Brasil.

De Fidel a Neymar

José Geraldo Couto

28.07.11

Que maravilha essa sua história com o Fidel Castro, não só o encontro em Havana, mas também o destino da foto do "grande comandante". Acho que esse episódio sintetiza todo um processo, o do entusiasmo e posterior desencanto da sua geração e da minha (que, afinal, talvez sejam a mesma) com Fidel, Cuba, o comunismo, o marxismo.