José Geraldo Couto

A hora do pesadelo

José Geraldo Couto

23.11.18

Antes de falar do documentário Excelentíssimos, de Douglas Duarte, cabe observar uma curiosa e improvável confluência, na produção cinematográfica brasileira recente, entre dois gêneros aparentemente disparatados: o documentário político e o filme de horror.

Entre o terror e o luto

José Geraldo Couto

18.05.18

A primeira imagem de O processo é uma tomada aérea da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, com a câmera avançando em direção à Praça dos Três Poderes por sobre a cerca que separa apoiadores e opositores do impeachment de Dilma Rousseff. É de um país cindido ao meio que tratará este filme impressionante.

Quatro crises por uma

Carla Rodrigues

24.08.16

O julgamento que começa nesta quinta-feira no Senado é resultado de um processo de impeachment, cuja legitimidade é questionada pelo uso de outra palavra, golpe. Como aconteceu em 1964, quando a polaridade era entre golpe militar ou revolução redentora, hoje a política se faz em torno da disputa por significantes. Participam deste discurso termos como crise, pacto e misoginia, evocado pelos movimentos feministas para mostrar o quanto há de discriminação contra uma mulher no poder. O problema das palavras é o que elas dizem das coisas e o que eventualmente elas omitem. Crise, por exemplo, por gasta, se esvaziou de seu sentido de tal modo que me parece necessário qualificá-la.

O mundo se divide…

Carla Rodrigues

18.05.16

O mundo se divide entre aqueles que acreditam que o mundo se divide em duas partes e os que acreditam que tudo é muito mais complicado do que isso. Esteja de que lado você estiver, é impossível ignorar o problema da representação  na não representatividade do ministério do governo interino. Um regime democrático depende da representação de infinitas singularidades, impossíveis de estar contidas em qualquer estrutura representativa, mas possíveis de não serem totalmente ignoradas como se não existissem.

Janaína é uma bola

Bernardo Carvalho

13.04.16

A performance de Janaína Paschoal, a musa do impeachment, é consequência de uma sociedade midiática, de exposição absoluta, que desnorteia os indivíduos entre BBBs, Facebook e o mundo das celebridades. Ninguém vê, por exemplo, obscenidade alguma em a mulher de um juiz em princípio sério e idôneo, que faz um trabalho importante contra a corrupção no país, abrir uma página no Facebook com o título “Moro com ele” (trocadilho com o nome do marido), para agradecer o apoio e as centenas de milhares de mensagens de carinho da população. Se ninguém vê, não sou eu que vou explicar.