Camila von Holdefer

Atividade organizada

Camila von Holdefer

31.07.17

Publicado no segundo semestre de 2015, Strange Tools é o livro mais irregular de Alva Noë. Se falha em apresentar um texto mais rigoroso, porém, a provocação que oferece é bem-vinda. Quando Noë pensa de forma um tanto tortuosa, ainda assim pensa melhor do que a maioria. Em poucas páginas, partindo da natureza humana, o filósofo norte-americano procura explicar a arte e os mecanismos pelos quais ela se transforma continuamente.

Mundo musical paralelo

Arthur Dapieve

21.12.16

Arthur Dapieve faz um apanhado da recém-concluída série A voz humana, idealizada e apresentada pelo poeta Eucanaã Ferraz na Rádio Batuta, um fascinante recorte do que homens e mulheres podem fazer com o ar e uma laringe.

Neopopulismo

Bernardo Carvalho

28.10.15

Nesse novo populismo impulsionado pela internet, a naturalidade do lugar-comum subjuga o pensamento crítico, sob a batuta de oportunistas que se fazem passar por justiceiros e representantes da voz e do gosto do leitor contra a arbitrariedade das exceções, contra o elitismo de supostas igrejas, contra tudo o que sai da linha e parece incompreensível, demasiado irregular, estranho ou extraordinário. O resultado é menos democrático do que parece.

Ali Smith, caça-fantasmas

Paulo Nogueira

05.04.13

Ali Smith acaba de lançar Artful, misto de narrativa e ensaio que aborda de W.G. Sebald e Clarice Lispector a Beyoncé. Paulo Nogueira traça um perfil da autora escocesa, que oscila entre o clássico e o pop sem nunca derrapar na pirotecnia.

O que me interessa

Daniela Thomas

08.11.11

Um poema revelou-se intransponível ao Paulo [José]. Um dos raríssimos poemas de Drummond que Paulo não sabe de cor ("A máquina do mundo"). "Não sei a exegese do poema", disse, angustiado. Saiu da prisão do palco e veio andar pela plateia, bengala em punho, ler o poema que ia sendo projetado em letras imensas no filó. Embate de titãs: o ator luta para alcançar a expressão do poema que o poeta realizou plenamente. Saem faíscas da ponta da bengala na direção das palavras, de tão elétrico o embate.

Clássicos para tudo o que é gosto

Sérgio Sant'Anna

11.07.11

Fico até encabulado com os seus elogios a meu livro, em sua carta bonita, leve e solta. Nela você pergunta qual é a minha relação com os clássicos. Não vou dizer que é sempre uma relação fácil, mas os clássicos já me deram momentos de uma incomparável riqueza existencial. Mas confesso que só consegui ler os sete volumes de Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, na terceira tentativa.

Emergências quelônicas

André Conti

16.03.11

O Ulysses é um livro sobre você. Sobre mim. É um livro que fala intimamente de nossos amigos e de nossas famílias. O dia do sr. Bloom é a vida de cada um de nós, e tudo acontece: pessoas morrem, se apaixonam, traem, fazem pequenas e grandes contravenções.

Abba! Adonai!

André Conti

10.03.11

A tradução do Ulysses está andando bem. Ele e o Paulo Henriques já fecharam mais de dez capítulos. Agora vou ler, dar pitacos e devolver. Eles decidem o texto final, claro, todavia pretendo bater o pé em diversas questões impertinentes. Mas sério, estou ansioso pra cacete, e o livro sai só em janeiro, vai ser dureza. Você acompanhou o caminho todo que a tradução fez até a gente fechar, uma sequência de coincidências e sortes, e fiquei feliz da vida que tenha dado certo. O Galindo passou anos trabalhando nisso, entre todas as revisões, e há muito tempo que falamos dessa edição. Misto de alívio e pânico agora que começamos de fato.