Arthur Dapieve

Xingar o juiz é o mínimo

Arthur Dapieve

05.12.11

Criou-se, no Brasil, a seguinte ficção: rouba-se em todas as áreas da vida nacional exceto na do futebol. Quer dizer, tem gente que recebe propina em garagem de Brasília, tem gente que manda dinheiro público para conta secreta na Suíça, tem gente que desvia bolsa merenda para comprar bolsa Louis Vuitton, mas, ah, não tem gente que rouba no placar? É preciso tal grau de suspensão da descrença para sustentar um troço desses que o sujeito deveria ser internado por deficiência mental.

Exílio em Laranjeiras

Arthur Dapieve

10.10.11

O copacabanense também representa o grosso nato, mas posa de homem do mundo, com cafajestadas em vários idiomas. Hoje, como autoexilado em Laranjeiras, já não me relaciono bem com minha terra quase natal (nasci no Hospital da Lagoa, de pais que então moravam em Ipanema e logo se mudaram para o Posto 5 da minha infância, adolescência e primeira maturidade). Não porque eu tenha deixado de ser grosso. Ao contrário, piorei. Como a "Princesinha do Mar", que está mais para "Rainha Mãe do Brejo", velhota que insiste em se vestir de prostituta infantil. Falta-lhe senso de ridículo.

A Tijuca Profunda

Aldir Blanc

06.10.11

O tijucano - e sou um deles - me horroriza e fascina. É um falso machão. Entra em casa, com umas cervejas na cabeça, e grita, dá decisão, mas se a patroa encarar, a maioria bota o galho dentro. Reina, coçando acintosamente o que a Liesa chama de genitália, na frente do buteco, carta marra na purrinha, mexe com as gostosonas (sem falsa modéstia, são muitas) que passeiam. Umas ficam indiferentes; poucas bancam as vaconautas, olham pra trás e sorriem. Agora, se uma delas parar, de mãos nas cadeiras, e chamar "Vem cá, meu gato, que a mamãe resolve esse atraso todo!", o cara corre feito o Usain Bolt.