Um maxixe nos Estados Unidos – A incrível história de “Dengoso” (parte III)

Música

16.07.12

Na parte 1 e na parte 2 desta trilogia vimos que o maxixe Dengoso desfrutou de um sucesso nos EUA e Paris a partir de 1913, sem precedentes na música brasileira. Recebeu mais de 100 gravações, e mais de 70 edições, foi cantado em musicais, integrou trilha sonora de filmes, e depois renasceu como Boogie Woogie Maxixe, integrando o repertório das mais famosas big bands.

Toda essa história fica mais curiosa quando vemos que a autoria não é certa (ou seria?).

Não existe um manuscrito autógrafo de Dengoso no espólio de Nazareth e o próprio compositor nunca a incluiu em nenhuma de suas listagens manuscritas. Além disso, no catálogo da exposição do centenário de Ernesto Nazareth, realizada pela Biblioteca Nacional em 1963, esta música não consta como parte da obra, sendo apenas mencionada de passagem: “na época, atriubuído ao compositor”.

Então por que a atribuímos a Nazareth? Listo abaixo as principais evidências.

A evidência mais antiga é o catálogo de 1912 da gravadora Columbia, que lista Dengoso como “tango [de] E. Nazareth”. Curiosamente, o gênero que era originalmente “maxixe” na partitura foi transformado aqui em “tango”, talvez como uma forma de Nazareth aceitar seu nome associado à música.

,