José Carlos Avellar

Queixas e reclamações

José Carlos Avellar

24.10.11

Certa manhã de Cannes, a caminho do palácio do festival para ver o sessão das oito e meia da manhã, Leon passou por Luis Buñuel, que saía do hotel para caminhar ao longo da praia. Desistiu do filme, apresentou-se a Buñuel, perguntou se poderia caminhar ao lado dele e seguiram jogando conversa fora pela Croisette. Caminhada longa, Leon não viu o filme das oito e meia nem o das onze da manhã. Quando nos encontramos, no meio da tarde, na sala de imprensa do festival, trazia um sorriso enorme - quer dizer: o sorriso enorme de Leon era tão encolhido quanto sua voz - mais que contente com o passeio com Buñuel.

Ruy Guerra e quase memória

José Carlos Avellar

19.08.11

Ruy faz um cinema que dança diante dos olhos para nos sugerir que importante, de fato, é ver o que não se encontra ali, visível. O que se dá a ver, mesmo se coisa vistosa, de encher os olhos, é apenas uma imagem meio imprecisa de um especial momento vivo que descobrimos / inventamos / vivemos (estimulado pelo rastro deixado no filme) e guardamos para sempre na memória. A queda é feito sinal pequeno que nos ajuda a reconstituir, no vazio entre as imagens, graças à estrutura invisível que depois da projeção ordena e acende imagens na memória, o que um certo dia a gente viveu ou viu quando viu o filme.

A sagração de Pina

José Carlos Avellar

18.02.11

Pina 3D corria na tela do Festival de Berlim ja há algum tempo quando um corte seco, bruto, de todo inesperado, devolveu o espectador ao cinema. Até então ele estava no teatro. No palco do Tanztheater Wuppertal Pina Bausch. A sagração da primavera, a música de Stravinski dançada no teatro de Pina.

Pickpocket

José Carlos Avellar

20.01.11

Nada parece mais distante da montagem frenética de A rede social do que o cinema contemplativo de Robert Bresson. Mas é esse paralelo que José Carlos Avellar, responsável pela programação de cinema do IMS, sugere neste texto.