Liberdade e luta
Rafael Cardoso
10.01.17
John Berger, falecido no último dia 2, não se contentava com pouco. Aliás, pouco se contentava. Era um radical, no melhor sentido do termo. Desde seu combativo, e delicioso, primeiro livro de ensaios críticos, nunca deixou de denunciar a ganância por poder, dinheiro e celebridade que põe em perigo os valores mais essenciais da humanidade, nem poupou as manobras de um meio cultural que busca enredar a arte em tramas e discursos capazes de esvaziá-la de seu sentido crítico e alinhá-la com os interesses de quem o controla. Tal procedimento, ele nomeava, em alto e bom som marxista, como ‘mistificação’. Arte, para Berger, era liberdade e luta.
O ovo da serpente
Bernardo Carvalho
28.01.15
O historiador da arte Aby Warburg (1866-1929) vinha de uma das famílias judias mais ricas da Alemanha e foi mandado para o sanatório Bellevue, na Suíça, depois de ameaçar matar a mulher e os filhos a tiros. Diagnosticado como esquizofrênico maníaco-depressivo, quis eliminar a família para evitar que fossem perseguidos, trancafiados em prisões secretas, torturados e assassinados, o que retrospectivamente teria feito dele também um visionário.