Camila von Holdefer
Certa dose de fingimento
Camila von Holdefer
23.11.15
Independentemente da fachada escolhida, sugerem Grunberg e Polanski, atuamos constantemente. Alguns mais, outros menos. Sem certa dose de fingimento — de autoengano, de cegueira voluntária —, não teríamos, de fato, a menor esperança de atravessar os dias. E não há garantia alguma. Bazárov, o niilista de Pais e filhos, observa que os homens “domesticam seus sistemas nervosos até um estado de irritação”, o que, em algum ponto, romperia “o equilíbrio entre os pratos da balança”. É o que acontece em Tirza e Deus da carnificina.