O sonho recauchutado
José Geraldo Couto
13.01.17
E o que chama a atenção é justamente o modo como Hollywood, de tempos em tempos, a pretexto de questionar ou problematizar seus clichês, acaba por reafirmá-los. Em La la land essa operação abarca alguns dos mais recorrentes lugares-comuns do imaginário americano: a máxima de que vale a pena “acreditar em seus sonhos”, a ideia de que no meio da multidão há alguém especial para cada pessoa, o mito do self made man (ou woman). Não há nada de muito revolucionário aqui, portanto.
Raskolnikov vai à universidade
José Geraldo Couto
04.09.15
Matar alguém pode ser justificável em certas circunstâncias? Sempre que se quer, modernamente, discutir a moralidade do homicídio, o fantasma de Raskolnikov volta a rondar. O projeto estético de Woody Allen, na vertente expressa em seu novo filme, Homem irracional, parece ser a ambição, obviamente inalcançável, de conciliar a densidade de Dostoiévski com a leveza (enganosa, claro) de Tchekov.
Woody Allen e o amor como síntese
José Geraldo Couto
29.08.14
Magia ao luar é o filme mais engenhoso de Woody Allen em muitos anos. Sintetiza à perfeição suas reflexões de maturidade a respeito dos mistérios insolúveis da vida. Embora se diga com razão que é mais um escritor do que um cineasta, ele produz aqui momentos visuais muito inspirados.