A guerra no Rio que tem rosto de mulher
Carla Rodrigues
07.03.18
Contrariando o que escreveu a russa Svetlana Aleksiévitch, autora de A guerra não tem rosto de mulher, há no Rio de Janeiro uma guerra muito específica que tem o rosto das mulheres que recorreram ao serviço de saúde em situação de abortamento e acabaram presas. Se por um lado tivemos um governador capaz de afirmar que as mulheres pobres eram “fábrica de marginais”, por outro temos essas mesmas mulheres pobres, já constrangidas pela situação precária em que vivem, sendo denunciadas e presas quando recorrem, em situação de extrema vulnerabilidade física e emocional, à rede pública de saúde.
Dramaturgia do invisível
Bernardo Carvalho
30.07.14
Como Kafka, Kleist foi incompreendido por seus contemporâneos. Hoje considerada sua obra-prima, O Príncipe de Homburgo só foi publicada e encenada dez anos depois do suicídio do autor. Escolhida para abrir o Festival de Avignon, a peça de 1810 é estranhamente pertinente numa época em que a ideologia nacionalista volta para mostrar a pior de suas caras.
Causos em meio ao caos
Arthur Dapieve
21.10.13
"Difícil entender por que o Brasil age como se se envergonhasse de ter lutado, e do lado certo", questiona Arthur Dapieve ao comentar Mina R, de Roberto de Mello e Souza (irmão de Antonio Candido), uma obra de ficção inspirada nas vivências do autor como cabo da Força Expedicionária Brasileira na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.