Rafael Cardoso

Liberdade e luta

Rafael Cardoso

10.01.17

John Berger, falecido no último dia 2, não se contentava com pouco. Aliás, pouco se contentava. Era um radical, no melhor sentido do termo. Desde seu combativo, e delicioso, primeiro livro de ensaios críticos, nunca deixou de denunciar a ganância por poder, dinheiro e celebridade que põe em perigo os valores mais essenciais da humanidade, nem poupou as manobras de um meio cultural que busca enredar a arte em tramas e discursos capazes de esvaziá-la de seu sentido crítico e alinhá-la com os interesses de quem o controla. Tal procedimento, ele nomeava, em alto e bom som marxista, como ‘mistificação’. Arte, para Berger, era liberdade e luta.