Laura Erber

O poema se escreve, não se explica (a vida)

Laura Erber

12.04.16

Quem quando queira, de João Bandeira, pode trazer um pouco de leveza e a impressão de que a herança moderna não precisa ser um fardo ou um mau agouro, mas um laboratório a ser reinvestido e repensado em função da dissolução ou afrouxamento de certas disputas. Longe de fazer da convivência entre diferentes vertentes poéticas um sintoma pseudodemocrático da biodiversidade poética contemporânea, ele libera a poesia de superegos já caducos, sem se privar do tom lírico ou perder o horizonte de autocrítica. Abre pequenas brechas de contato, ali onde se tornou possível colocar em diálogo o rigor lúdico do concretismo, um ouvido musical e a utopia do verso livre.