A guerra no Rio que tem rosto de mulher
Carla Rodrigues
07.03.18
Contrariando o que escreveu a russa Svetlana Aleksiévitch, autora de A guerra não tem rosto de mulher, há no Rio de Janeiro uma guerra muito específica que tem o rosto das mulheres que recorreram ao serviço de saúde em situação de abortamento e acabaram presas. Se por um lado tivemos um governador capaz de afirmar que as mulheres pobres eram “fábrica de marginais”, por outro temos essas mesmas mulheres pobres, já constrangidas pela situação precária em que vivem, sendo denunciadas e presas quando recorrem, em situação de extrema vulnerabilidade física e emocional, à rede pública de saúde.
As crianças invisíveis
José Geraldo Couto
10.06.16
Campo Grande, de Sandra Kogut, rompe com nossa indiferença passiva diante das crianças pobres ao trazer para diante dos nossos olhos dois desses pequenos seres, os irmãos Ygor (Ygor Manoel), de uns oito anos, e Rayane (Rayane do Amaral), de uns seis. Eles aparecem de surpresa no apartamento de Regina (Carla Ribas), uma mulher de classe média e meia-idade, que não sabe quem são e nem o que fazer com eles. Se Sandra Kogut já demonstrara, em Mutum (2007), uma grande competência para dirigir crianças, aqui esse talento se mostra prodigioso: raras vezes se viu na tela um desempenho tão crível e pungente como o de Ygor e Rayane.
Carolina Maria de Jesus e a favela
Equipe IMS
14.07.14
Carolina Maria de Jesus foi tema e protagonista de um documentário de 16 minutos realizado na Alemanha em 1971, mas impedido pelo regime militar de passar no Brasil por mostrar a miséria da favela do Canindé, onde morava a escritora. O IMS, que localizou e restaurou o filme, apresenta trechos e um depoimento de dois participantes: o fotógrafo Ricardo Stein e o roteirista e produtor Otto Engel.