Sérgio Sant'Anna

Ainda os boleiros e outros tópicos

Sérgio Sant'Anna

22.08.11

Você, com certeza, sabe que o apelido de Heleno era Gilda, por causa da personagem do cinema interpretada por Rita Hayworth, bela, boêmia e temperamental, assim como foi Heleno, só que no masculino. Chegou aos meus ouvidos que uma vez o Heleno, jogando pelo Botafogo contra o Fluminense, em Laranjeiras, depois de ouvir em coro a torcida tricolor gritando "Gilda, Gilda", fez um gesto obsceno para a social do Fluminense. A polícia teve de fazer o possível e o impossível para evitar uma invasão de campo, coisa aliás comum naquela época.

A palavra encenada

Sérgio Sant'Anna

15.08.11

Mas não poderia falar de teatro sem mencionar aquele espetáculo, no meu entender e no de muita gente, o maior de todos já realizado no Brasil, Macunaíma, de Antunes Filho, dirigindo uma adaptação do francês Jacques Thieriot do romance de Mário de Andrade. Aliás, Antunes não negava, entre suas influências, Bob Wilson, assim como Kazuo Ohno e Pina Bausch. Como fiquei amigo do pessoal do grupo do Antunes, fui convidado algumas vezes para ver os bastidores de Macunaíma e de Nelson Rodrigues, o eterno retorno, também do diretor paulista. Esta experiência está narrada no meu conto "O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro", e também posso dizer que nunca mais fui o mesmo depois dela.

Escritores no set

José Geraldo Couto

11.08.11

Até hoje há quem diga que só livros ruins rendem filmes bons - e um exemplo muito citado é o dos ótimos filmes de Hitchcock inspirados em obras medíocres de Daphne Du Maurier (Estalagem maldita, Rebecca, Os pássaros). Mas há os contraexemplos incontestáveis: de Morte em Veneza (Mann/Visconti) a Vidas secas (Graciliano/Nelson Pereira), são inúmeros os casos de filmes que dialogaram de igual para igual com as obras-primas que os inspiraram. (Isso para não falar dos livros ruins que geraram filmes igualmente ruins.)