Travis, eleitor de Trump
José Geraldo Couto
02.06.17
Martin Scorsese realizou obras marcantes em vários gêneros, mas ficará na história do cinema sobretudo por filmes incontornáveis como Taxi Driver, que volta aos cinemas brasileiros.
Mundo em ruínas, cinema vivo
José Geraldo Couto
26.05.17
Mesmo num mercado exibidor estrangulado como o nosso, o cinema brasileiro às vezes encontra brechas para nos revelar boas surpresas. É o caso de três filmes de diretores estreantes em longas-metragens que estão em cartaz no país. São bem diferentes entre si em temática, linguagem narrativa e tamanho de produção, mas, cada um à sua maneira, trazem um novo alento para os cinéfilos.
Entre a província e o mundo
José Geraldo Couto
19.05.17
Nos filmes de Mariano Cohn e Gastón Duprat, como este O cidadão ilustre, há sempre uma relação tensa e ambígua entre uma Argentina culta, cosmopolita, europeizada, e uma Argentina profunda, rude e arcaica. Esse conflito se traduz invariavelmente, em termos dramatúrgicos, nos desajustes entre um artista de talento e seu entorno, entre o absoluto da criação estética e as contingências do cotidiano. Entre arte e cultura, em suma, entendida esta última em seu sentido mais amplo, antropológico.
Urgentes, na contramão
José Geraldo Couto
12.05.17
Não há tempo nem espaço para abordar todos os filmes relevantes em cartaz. Cabe então falar dos mais urgentes, isto é, daqueles que, por trafegarem na contramão do mercado, correm o risco de ser logo expelidos do circuito exibidor: Beduíno, o novo filme de Julio Bressane, Éden, de Bruno Safadi, e o documentário Crônica da demolição, de Eduardo Ades.
Crime, castigo e compaixão nas Filipinas
José Geraldo Couto
05.05.17
Assistir a um filme do filipino Lav Diaz é uma experiência tanto sensorial como espiritual. Rodado em preto e branco, com os longos e belos planos fixos característicos de Diaz, A mulher que se foi, ganhador do Leão de Ouro no último festival de Veneza, é uma obra comparativamente curta na filmografia do diretor: não chega a quatro horas de duração.
Os grandes sóis violentos
José Geraldo Couto
27.04.17
“O sonho acabou; quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou.” A frase da canção de Gilberto Gil talvez seja uma maneira de resumir em poucas palavras o espírito de No intenso agora. Qualquer descrição ou sinopse será empobrecedora e ilusória, inclusive esta: o documentário de João Moreira Salles, exibido no Rio e em São Paulo no festival É Tudo Verdade, organiza e discute imagens filmadas na China maoísta de 1966, na França de maio de 1968, na Tchecoslováquia da Primavera de Praga e no Brasil da ditadura militar.
Os sonhos geométricos de Antonioni
José Geraldo Couto
20.04.17
Quando se fala em modos de apreensão do espaço-tempo diferentes daquele do cinema narrativo clássico, herdeiro do romance realista do século XIX, um nome que sempre vem à tona é o de Michelangelo Antonioni, um dos expoentes do cinema moderno. A boa notícia é que o Centro Cultural Banco do Brasil apresenta a partir do próximo dia 26 em São Paulo e no Rio uma retrospectiva completa da obra do diretor italiano. No mês que vem a mostra chega também a Brasília.
Um país malvado
José Geraldo Couto
14.04.17
“O Brasil é um país malvado”, disse o exibidor Adhemar de Oliveira durante um debate sobre “Aquarius” em São Paulo, há um ano. Dois novos filmes permitem entender – e comprovar – essa frase terrível: o documentário Martírio, de Vincent Carelli, e a ficção Joaquim, de Marcelo Gomes.
O país que poderia ter sido
José Geraldo Couto
07.04.17
Antonio Pitanga é um ator intuitivo, vigoroso, que justifica o clichê “força da natureza”. Como retratar num documentário as várias dimensões desse singular artista? O caminho escolhido pelos diretores Beto Brant e Camila Pitanga foi fazer um filme com Antonio Pitanga, mais do que sobre Antonio Pitanga. Em Pitanga, é o próprio ator que conduz a narrativa.
A terceira margem do rio
José Geraldo Couto
31.03.17
O cinema português é um fenômeno. Mesmo com uma produção relativamente pouco numerosa, conta hoje com pelo menos três dos cineastas mais originais e potentes em atividade no mundo: Miguel Gomes, Pedro Costa e João Pedro Rodrigues, cujo longa-metragem mais recente, O ornitólogo, premiado em Locarno, está entrando em cartaz em cerca de vinte cidades brasileiras. Salvo engano, é o primeiro filme do diretor a ser exibido comercialmente no país.