José Geraldo Couto

Ficção e memória

José Geraldo Couto

17.06.16

Dois filmes brasileiros muito fortes estão entrando em cartaz: Big Jato, de Cláudio Assis, e Trago comigo, de Tata Amaral. O que eles têm em comum, a despeito de suas diferenças radicais, é o fato de lidarem com a memória como tema e como elemento de construção narrativa. Em Trago Comigo o assunto, grosso modo, é a ditadura militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. Mais especificamente, a brutalidade da repressão aos que se opunham a ela nos chamados “anos de chumbo” (final da década de 60, início da de 70). Dito assim, soa um tanto déjà-vu. Mas é aí que o filme dá mais uma volta no parafuso, ganhando em contundência política e relevância estética.

Big Jato, Quintal e Tolstói

José Geraldo Couto

25.09.15

Os dois grandes vencedores do recém-encerrado Festival de Brasília, o longa-metragem pernambucano Big Jato e o curta mineiro Quintal, a despeito de tudo o que os diferencia, têm algo em comum. São, cada um à sua maneira, atualizações da célebre frase atribuída a Tolstói: “Quer ser universal? Comece pintando a sua aldeia”.

Tatuagem, revolução dionisíaca

José Geraldo Couto

14.11.13

É a oposição entre o cabaré e o quartel, entre a anarquia e a ordem, o desejo e a autoridade, que define a retórica e a estética de Tatuagem, de Hilton Lacerda. Se A febre do rato, de Claudio Assis, também passado em Recife, é um manifesto furioso, em que o desafio à autoridade assume a forma da provocação agressiva, em Tatuagem a arma preferencial é o deboche, e o sentimento predominante é o amor, sob suas variadas formas: erótico, fraterno, familiar.

A utopia suja de Cláudio Assis

José Geraldo Couto

22.06.12

Febre do rato, de Cláudio Assis, é um filme extemporâneo. Se do futuro ou do passado, ainda não dá para saber. O que vemos na tela, em imagens marcantes de um belíssimo preto e branco, é uma utopia suja, um rascunho de sociedade alternativa, uma cidade que fervilha à margem e nos escombros da Recife "oficial".