

Declínio e queda do esprit d’escalier
Paulo Raviere
09.11.17
No Zeitgeist de uma era marcada por elevadores e conexão ilimitada não existe espaço para o esprit d’escalier. Assim como nos é possível enviar a resposta a qualquer hora do dia, podemos adiá-la conforme nossa conveniência. E tendo sido burilada com tanto esmero, ninguém guarda para si a sentença ferina. Quando alguém percebe que disse uma besteira, sua reação seria se envergonhar, certo? Não quando encontra quem a endosse.

Pulsão de morte
Bernardo Carvalho
11.05.16
Don DeLillo, um dos mestres da literatura pós-moderna, acaba de lançar Zero K, romance que é uma alegoria da morte no capitalismo tardio, cuja peculiaridade é dar à morte um tratamento material. "É como se, tentando evitar a morte, o indivíduo se adiantasse a ela e se submetesse a uma experiência científica que se confunde com um ritual sinistro que o esvazia de todo desejo, de toda autonomia individual e de toda vontade própria, para acabar reduzido a um corpo inerte, pendurado num gancho."

DeLillo e a qualidade narrativa do dinheiro
André de Leones
05.09.12
Cosmópolis está distante da excelência de Ruído Branco (1985) ou da monumentalidade de Submundo (1997), as obras mais festejadas do autor, mas merece ser lido ou relido, dentre outros motivos, porque parece ter mais a nos dizer hoje do que há nove anos.