Rio de sangue
José Geraldo Couto
24.11.17
Não devore meu coração, de Felipe Bragança, é um filme desconcertante. Sua originalidade começa na ambientação geográfica e se estende ao roteiro e à construção formal. É faroeste, filme de gangue de moto, romance de formação, fábula política, história de amor, alegoria histórica, tudo misturado. Outro filme belo e estranho, mas numa direção diferente, é o português Colo, de Teresa Villaverde. Os assuntos são deprimentes, mas o frescor e o vigor com que a diretora os plasma em cinema são animadores.
Escritor sem pais nem filhos
Ronaldo Bressane
17.01.17
A reedição dos romances do mineiro Campos de Carvalho, morto em 1998, recoloca a questão: como um escritor de imaginação tão poderosa é ainda desconhecido no Brasil?
O começo do fim
Joca Reiners Terron
27.10.16
Não é simples atingir aquele ponto em que não há mais retorno, é o que costumo elucubrar em minha condição de quase cinquentão; Seconds (no Brasil, O segundo rosto), de John Frankenheimer, chegou aos cinquenta anos em outubro de 2016. Parece prudente, portanto, verificar como reage à passagem do tempo um filme que aborda justamente a crise de meia-idade masculina diante das possibilidades abertas pela contracultura norte-americana de finais dos anos 1960. Por tabela, reflito sobre como no meio do caminho desta vida me vi perdido. É o ponto a ser alcançado, segundo o aforismo de Kafka, mas o que acontece a partir dele, quando se está solitário, sem sol e sem saída?
Obscuros de estimação
Daniel Pellizzari
03.10.16
Escrever é uma coisa, ser lido é outra. Alguns escritores dão o melhor de si, produzem uma obra consistente, e quase ninguém percebe. Outros autores fazem um sucesso estrondoso enquanto vivem e acabam esquecidos pouco depois de morrer, por motivos muitas vezes insondáveis. Se incluirmos as notas de rodapé e as anotações nas margens das páginas, a história da literatura é formada em sua maior parte por escritores que ninguém lê, ou que ninguém jamais leu, ou que de repente pararam de ser lidos. As manhas e humores da peneira do cânone, esta quimera, escapam a qualquer tentativa de delimitação. E mesmo o conceito de obscuro varia bastante: o desconhecido de um país pode ser a estrela de outro, e há quem fique realmente embasbacado ao saber que o autor X, que ele tanto aprecia, é um perfeito estranho para quase todas as outras pessoas.
Dia D – Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade
Equipe IMS
24.10.13
Para celebrar os 111 anos do poeta mineiro, dentro das atividades do Dia D - Dia Drummond, o IMS-RJ apresenta Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade: uma leitura, roteiro de Eucanaã Ferraz com participação de Joca Reiners Terron, Antonio Cicero, Alberto Martins e Afonso Henriques Neto.