Dia D – Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade

Em cartaz

24.10.13

No dia 31 de outubro comemora-se o aniversário de Carlos Drummond de Andrade, poeta que nos deu maravilhas como Alguma poesia, A rosa do povo e Claro enigma. Livros marcantes não apenas na carreira de Drummond, como na trajetória da poesia brasileira. Muitos de seus versos são repetidos por leitores – e até mesmo aqueles que não transitam pela literatura são capazes de citar de cor algum trecho de “Quadrilha”, “José”, “Poema de sete faces” ou “No meio do caminho”.

Para celebrar o dia em que o poeta completaria 111 anos, o Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro apresenta Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade: uma leitura. Com roteiro de Eucanaã Ferraz, o texto propõe um cruzamento entre a biografia do poeta mineiro – seu nascimento, infância, fase escolar, casamento, nascimento dos filhos e netos – e a sua vasta produção literária (apenas para citar, Drummond contribuiu por três décadas ininterruptas com belíssimas crônicas, primeiro para o Correio da Manhã, depois para o Jornal do Brasil). Ficará a cargo de um narrador contar as principais passagens da vida e da obra drummondiana enquanto outros três participantes lerão em torno de vinte poemas, dentre os quais “Não se mate”, “Meu relógio de não marcar horas”, “Quero me casar” e “Mãos dadas”; memoráveis crônicas como “Os dias lindos”; notas críticas sobre a recepção de Alguma poesia e Sentimento do mundo; depoimentos do próprio Drummond a respeito de política e literatura; e trechos da correspondência entre Mário de Andrade e o itabirano. Além do poeta celebrado, outros personagens aparecerão durante a leitura: o já citado pai do modernismo e também o crítico literário Álvaro Lins, o romancista Pedro Nava e o intelectual Gustavo Capanema.

01diad

O roteiro é um belo – e sólido – perfil daquele que é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa de todos os tempos. O escritor Joca Reiners Terron e os poetas Antonio Cicero, Alberto Martins e Afonso Henriques Neto guiarão os presentes na noite de 31 de outubro pela vida e pelos versos do autor de A rosa do povo. Espalhe-se a ideia: onde houver três ou quatro leitores disponíveis, ali seja celebrado Drummond.

No palco do IMS, um pouco da Itabira natal do poeta será representada por uma das obras em metal de Raul Mourão, importante artista contemporâneo. A peça evocará a cidade de ferro, cujas calçadas e almas também são de ferro.

Para aquecer os afetos, reproduz-se a seguir o poema de abertura desta terceira edição do Dia D – Dia Drummond, data que o IMS consagrou desde 2011 no calendário cultural do Brasil:

 

Confidência do Itabirano

 

Alguns anos vivi em Itabira.

Principalmente nasci em Itabira.

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

Noventa por cento de ferro nas calçadas.

Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

 

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

é doce herança itabirana.

 

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:

esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,

este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;

este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

este orgulho, esta cabeça baixa…

 

 

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.

Hoje sou funcionário público.

Itabira é apenas uma fotografia na parede.

Mas como dói!

(In: Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Pongetti, 1940)

MAIS

Dia D – site especial com todas as informações sobre o Dia D – Dia Drummond, promovido pelo IMS.

, , , , , , , , , , , , ,