A senhora é afro-americana?
Christian Schwartz
26.06.17
Quem lê a história contada por Rachel Dolezal em sua autobiografia In Full Color se depara com um flagrante caso omisso no código de conduta otimista do multiculturalismo. A ex-ativista que se identifica como transnegra tocou em contradições sensíveis das políticas de inclusão ditas progressistas, segundo as quais haveria uma suposta receita universal para a coabitação pacífica da diferença. E, de forma inesperada, o caso Dolezal também ganha ressonância na complexa discussão racial brasileira.
Retrocesso
Bernardo Carvalho
25.05.16
O multiculturalismo criou uma armadilha para si ao defender uma estratégia em princípio libertária, rompendo o valor subjetivo do cânone ocidental para abrir a literatura à expressão das minorias e à afirmação das diferenças. No momento em que abandona o valor arbitrário e subjetivo para buscar um critério mais democrático e objetivo, baseado na expressão da experiência e da identidade do autor, a literatura abre o flanco para o tipo de redução e inversão que a resenhista reproduz ao analisar o livro de White: romance de gay é para gays. É um retrocesso.