José Geraldo Couto

2016, entre sinistro e sublime

José Geraldo Couto

30.12.16

Num ano de grandes traumas no Brasil e no mundo, o cinema, se não serviu para consertar nada, ao menos nos ajudou a manter aguçados o olhar e a sensibilidade. Atendo-nos aos títulos lançados no circuito comercial, alguns veteranos fundamentais (Bellocchio, Verhoeven, Almodóvar, Clint Eastwood, Woody Allen) marcaram presença, ao lado de estreantes promissores, como Robert Eggers, do surpreendente A bruxa.

Os oito odiados, réquiem por uma nação

José Geraldo Couto

08.01.16

Em Os oito odiados, novo filme de Tarantino, parece nascer uma nação dilacerada, de todos contra todos, em que cada um se move apenas pelo ódio e pela cobiça. O negro, o mexicano, a mulher, o ianque, o sulista – todos são sujeito e objeto do ódio homicida em algum momento, se não o tempo todo. Não há sentimento possível de comunidade. É o precoce ocaso de uma nação.

“Ele é de esquerda?”

Bernardo Carvalho

06.01.16

O novo filme de Tarantino não poupa piadas e injúrias racistas, quase sempre fazendo a sala gargalhar. É um método arriscado, mas muito potente, de levar o racismo a nocaute – pela exaustão, pela própria truculência e pela própria imbecilidade. É possível que se houvesse um Tarantino no Brasil, nem chegassem a assistir a seus filmes, se contassem a história do racismo neste país, porque há quem diga que não existem negros no Brasil.

A China de Jia Zhang-Ke, tão longe, tão perto

José Geraldo Couto

20.12.13

"Jia Zhang-Ke é, de certo modo, o oposto de Tarantino", diz José Geraldo Couto sobre o diretor chinês, cujo Um toque de pecado acaba de estrear. "Se, neste último, a violência é quase sempre cartunesca, derrisória, desopilante, no cinema do diretor chinês ela aprofunda o mal-estar, acentua a sensação de ausência de saídas".