Bernardo Carvalho

Outra vez, o excesso

Bernardo Carvalho

12.09.11

A primeira coisa que faço agora, por vício, ao entrar numa sala de museu, é correr os olhos pelas paredes à procura das etiquetas ou das fichas informativas, o que torna essas visitas cada vez mais exaustivas e as obras, às quais só vou me ater depois de ler as explicações, cada vez mais secundárias. Não estou fazendo o culto da ignorância e da espontaneidade, nem a crítica da crítica (seu papel, fundamental, é mesmo revelar e esclarecer a obra). Estou apenas dizendo que o excesso (e a velocidade que dele decorre) põe a crítica necessariamente na frente da obra - e o ensaio na frente da literatura.