Valzinho

Música

27.11.14

Norival Carlos Teixeira, o Valzinho, foi escultor, desenhista, trabalhou na Casa da Moeda e também foi um compositor e violonista original, cujas melodias e harmonias surpreendiam seus contemporâneos (como os colegas de Rádio Nacional) e os mais jovens, caso do fã Paulinho da Viola, que gravou duas músicas suas. Morto em 1980, pouco depois de a cantora Zezé Gonzaga dedicar um disco inteiro à sua obra, ele tem seu centenário completado em 26 de dezembro.

Edgard Costa, seu sobrinho, vem se empenhando para que mais gente conheça as criações de Valzinho. Ele criou o Blog dos Teixeiras, que trata também de outros integrantes de uma família muito musical. Newton Teixeira (1916-1990), irmão de Valzinho, é coautor de clássicos como A deusa da minha rua e Malmequer. Edgard produziu com Antonia Adnet, em 2013 e 2014, novas gravações de músicas de Valzinho, das quais participaram Muiza Adnet, Marya Bravo e Alfredo Del-Penho.

O IMS registrou em vídeo Antonia e Muiza interpretando Tudo foi surpresa, parceria com Peterpan.

Na Rádio Batuta, há uma seleção de gravações com Paulinho da Viola, Zezé Gonzaga, Elizeth Cardoso e outras vozes.

No texto abaixo, o compositor, arranjador, violonista e produtor carioca Mario Adnet, pai de Antonia, comenta como Valzinho foi um artista à frente do seu tempo e que ainda desafia os ouvintes.

Acervo Edgard Costa

A lista dos amigos, admiradores e companheiros de trabalho em sua biografia impressiona. Impressiona também sua experiência por quase 30 anos como violonista contratado da maior empresa de comunicação de sua época, a Rádio Nacional.

Apesar de ser reconhecido como um grande músico, o mesmo não aconteceu com o grande compositor.

Sua obra é pequena e muito diferente de tudo que se fez em seu tempo.

Sua escolha, como criador, foi a exploração de novos padrões de forma e harmonização, à qual se debruçou como um religioso, talvez instintivamente. Suas músicas de caminhos inesperados desafiavam (e ainda desafiam) os ouvidos de muita gente, inclusive dos colegas que o admiravam. E o “não” esperado por Valzinho pode ter sido a incompreensão e a insensibilidade dos produtores frente à tamanha modernidade. Mesmo uma das mais conhecidas de suas músicas, Óculos escuros, regravada na década de 1970 por Paulinho da Viola, mostra claramente sua marca: a busca pelas soluções harmônicas menos óbvias. Busca essa que também era, de maneira mais comedida, a de seu ídolo Custódio Mesquita.

Alguns artistas mais abertos e sensíveis, especialmente os novos, gravaram suas músicas. São registros preciosos para quem quiser desvendar o mistério de um artista à frente de seu tempo. O precursor não é necessariamente bem sucedido, mas apresenta ferramentas que serão fundamentais no sucesso de quem virá depois. Valzinho é, seguramente, um desses casos.

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