Daniel Pellizzari

Sororidad

Daniel Pellizzari

03.05.18

Por um balaio de motivos, dos práticos aos patológicos, escrevo ficção muito devagar. Essa lentidão acabou transformando o que seria meu novo romance em um livro com três narrativas independentes. A primeira se chama Sororidad e narra as histórias entrecruzadas de uma mulher com disforia de espécie – nasceu humana, mas se identifica como cabra – e de um grupo de argentinas que, ao serem abandonadas nas estradas do Rio Grande do Sul, se unem para criar uma comunidade rural isolada do resto do mundo.

Nosso mundo movediço

José Geraldo Couto

23.03.18

Entre os cineastas mais fortes e originais da atualidade está a argentina Lucrecia Martel, ainda que sua obra se resuma por enquanto a apenas quatro longas-metragens. Mais do que propriamente um estilo, o que unifica esses quatro filmes tão diferentes entre si é antes um método: um modo oblíquo e fragmentado de encarar os seres e as ações, como quem os colhe em pleno andamento e ainda busca os nexos que lhes deem sentido.

O diretor Pablo Giorgelli

A política do corpo

José Geraldo Couto

17.11.17

No momento em que o Congresso brasileiro ameaça criminalizar todas as formas de aborto, inclusive em casos de estupro ou de ameaça à vida da gestante, poucos filmes serão tão atuais e pertinentes quanto Invisível, do argentino Pablo Giorgelli. Mas não é só por isso que ele merece ser visto.

Suspense ao sul

José Geraldo Couto

16.09.16

Por um feliz acaso, estão chegando aos cinemas praticamente ao mesmo tempo dois filmes de suspense de cineastas brasileiros da nova geração, Mate-me por favor O silêncio do céu. Por vias diferentes, eles arejam e revitalizam esse gênero tão pouco cultivado entre nós. A boa notícia é que ambos são ótimos.  

O Brasil acabou?

Bernardo Carvalho

19.08.15

A solução de Oswald de Andrade é um slogan imperativo e publicitário: “Somos todos antropófagos”. Somos? O que nos une é devorar a cultura alheia e degluti-la em formas renovadas e revigoradas, locais. Isso num país de analfabetos. É brilhante, mas não faz sentido. É uma frase de efeito que vingou a ponto de continuar sendo repetida até hoje, como um coringa, sempre que é preciso atribuir alguma graça e inteligência ao artifício da identidade nacional.

Informes do lado escuro

Joca Reiners Terron

30.04.14

Sai no Brasil "A Máquina do Bem e do Mal", terceiro volume de contos do jornalista e escritor argentino Rodolfo Walsh, metralhado por militares em 1977, um ano após sua filha ser assassinada. Ele classificava sua literatura como "um avanço laborioso através da própria estupidez".