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Meu querido Dapieve:
Rapaz, você me deu um tremendo susto! Falou na raspadinha – capô de fusca é 10 – da Bárbara Evans, e lascou a frase: “Não sei se você lembra…”. Puxa, Dapieve, de baixo dos meus 65 anos, posso garantir que os capôs, embora cobertos de arbustos orvalhados em minha época áurea, eu não esqueci.
Vi a moça na Playboy, e penso na, com todo o respeito, mãe dela. Algumas pessoas legais andaram atacando a Monique. Não concordo. É uma linda mulher, cheia de simpatia (quase amor). Tenho um causo com ela (modesto, modesto). A pedido do meu inesquecível irmão, Marco Aurélio Braga Nery, Monique pousou para a capa do CD 50 anos. Aquela perna linda não é montagem! Foi apoiada no braço de minha poltrona, de sapato vermelho no pezinho! Eu, aparvalhado, estava com lipotimia na referida poltrona. Monique, profissionalíssima, me dava tapinhas generosos na face, notando minha extrema palidez. Ela chegou aqui em casa, tirou a roupa com a categoria que só as mulheres que se garantem exibem e entrou de calcinha no sagrado escritório no qual você já me deu o prazer de cobiritar. Aí, os fotógrafos Mello Menezes, Henrique e Ricardo Sodré talvez, talvez conhecendo o que se passava, como diz o jaguar, em minha mente insana, tentaram maneirar. E a Monique:
– Não, não! Tá meio careta! Acho legal colocar o pé assim, ó, no braço da poltrona e abrir as pernas de um jeito bacana mas sensual, sem baixaria.
Eu, de copo em punho e cigarrilha, procurava não olhar a Monique com a mínima calcinha exibindo a, digamos, segunda testa a um palmo de meu avantajado nariz! O que um tijucano faz numa hora dessas? Mari conferia tudo com olhos de águia.
Ver ou não ver, eis a questão. Confesso que vi – e era deslumbrante, com suave perfume de mar. Notando que eu estava às portas do desfalecimento, Mari teve a cara de pau de perguntar para a generosa Monique:
– Ele está se comportando bem?
Monique, naturalíssima:
– Ele é uma gracinha. Outro sujeito já teria dito alguma palhaçada.
Invejo esses caras. Com a, hmmmm, proa da Monique Evans pertinho da boca e eles conseguem falar?!?
Eu fiquei mudinho de fascinação. Só quem teve o jardim da Monique ao alcance dos lábios sabe o que eu senti. Ou melhor, não sabe. Complicado demais expressar em palavras. Conforme você, arguto editor, está notando, tento descrever o inenarrável. Após as fotos, tremendo mais que goleiro do Vasco nos últimos cinco minutos de jogo, e aguentando o risinho irônico da Mari, botei uma dose dupla de Jack e fui agradecer a gentileza da estrela. Monique, na mesa da copa comia uma banana! Menino… Acredito que o Tijucor não esteja na minha estrada ou a internação teria acontecido nesse dia abençoado. Não quero parecer um ancião caquético. A Bárbara é um show – mas a mãe que vi naquela tarde era o palco, as luzes, o teatro inteiro, a rua, o bairro, o Rio que mora no mar.
Uma nota só – plim! (lágrima?) – para fechar: a poltrona sumiu. Temor de que se transformasse em objeto de culto?
Bom, despertando para a realidade: Mourinho fez um golo aos 30 segundos do primeiro tempo, e tomou de 3 do Barça. Em Madri. Fiquei imaginando um troço meio, reconheço, escroto. Se na derrota anterior, Mourinho enfiou o dedo no olho de um cara do Barça, o que ele meteu onde desta vez? Especulem à vontade!
Sobre o Engenheiro, vibrei com a resistência no Sul, metralhadoras no teto do Palácio, o escambau. Já na governança do Rio, houve uma tremenda mancada que não ficou bem esclarecida até hoje, quando se abriu uma tolerante porta dos fundos para setores da criminalidade. Eu tinha adoração por Darcy Ribeiro até vê-lo em um debate político na casa do Chico Buarque. Não estava em um dia inspirado, para dizer o mínimo. Bom, ele deixou uma obra que falará sempre por ele.
Uma pena que o velho PTB, chamado pelos udenistas histéricos de Partido Tarde Baixinho, tenha sido sequestrado por figuras inacreditáveis como Bob “Mato nos peito” Jefferson. Aquela exibição de cinismo e despudor na CPI do mensalão deveria provocar a volta do degredo – se possível, usando grilhões. Você é gente fina demais para lamentar o destino de lupos Lupi. É, com licença do trocadilho infame, um mero peideitista.
Abraço fraterno,
Aldir
* Na imagem da home que ilustra este post: a foto de capa do CD 50 anos – Aldir Blanc