Elvia Bezerra

Quem te viu, que te vê!

Elvia Bezerra

28.11.12

Terá o pesquisador ideia do caminho feito por uma simples folha de papel e de como foi preservada para chegar até suas mãos? Quando se trata da certidão de nascimento da escritora Elisa Lispector, já se sabe, de saída, que o documento cruzou o Atlântico, provavelmente na mala de Pinkhouss ou Mánia Lispector, os pais de Elisa, Tania e Clarice Lispector que, em 1922, desembarcaram em Maceió, fugindo da guerra civil na Rússia.

Férias com babushkas ou baboulinkas

Elvia Bezerra

13.11.12

Elvia Bezerra passa as suas férias em companhia de Dostoiévski, com Um jogador, e traça relações entre a personagem Antonida Vassílievna e a avó de Maksim Górki, que aparece em Infância.

Manuel Bandeira: poema e oração

Elvia Bezerra

10.10.12

Desde que li o ensaio sobre Edson Nery da Fonseca em piauí 72, penso em contar a esse bandeiriano essencial, pernambucano como o poeta de Pasárgada, sobre o achado que fizemos há alguns meses no arquivo de Paulo Mendes Campos, sob a guarda do Instituto Moreira Salles desde 2011. Trata-se de um manuscrito do poema "Ubiquidade", de Bandeira,  em papel já bem amarelecido, datado de Petrópolis, 11 de março de 1943.

Um terno para dois: Otto Lara Resende e Millôr Fernandes

Elvia Bezerra

13.09.12

"O Otto casou com o terno do Millôr", disse ela, cuja memória prodigiosa muito tem contribuído para esclarecer dúvidas que surgem no arquivo do marido. Em 1950, ano do casamento, Otto trabalhava freneticamente em alguns periódicos do Rio, cidade onde chegara em janeiro de 1946. Em quatro anos teve de alugar apartamento, firmar-se profissionalmente, encantar-se com o Rio de Janeiro, e, de quebra, encontrar a mulher com quem viveria por toda a vida.

Otto Lara Resende e Drummond: dois amigos e um abraço

Elvia Bezerra

30.08.12

Quem lê a dedicatória de Drummond no exemplar de Baudelaire, de Jean Paul Sartre, na biblioteca de Otto Lara Resende, não pode deixar de ficar intrigado: "Ao Otto, meu companheiro de pessimismo, com um abraço fúnebre, Carlos".

Dois mini livros da biblioteca de Drummond

Elvia Bezerra

08.08.12

Entre os quase quatro mil livros da biblioteca de Drummond, sob a guarda do Instituto Moreira Salles, se escondem pequenas edições, as chamadas edições diamante, que em geral medem em torno de 11 centímetros por 8. Uma delas encerra a coletânea de contos A casa do gato cinzento, de 1922, obra com que o escritor e poeta santista Ribeiro Couto, nascido em 1898, estreou na prosa.

A Nise da Silveira que eu conheci

Elvia Bezerra

13.07.12

Nise da Silveira manteve clara sua proposta ao longo da vida: reconhecer a complexidade das condições psíquicas que se afastam das ditas normais e proceder à investigação desses "diferentes estados do ser" como chamou Antonin Artaud ao processo de desintegração da psique. O método de pesquisa? O da terapêutica ocupacional, da qual ela nunca se afastaria e que lhe permitiu estudos de casos hoje clássicos da psiquiatria, como os de Raphael e Emygdio, cujas obras recebem novas luzes na exposição que se inaugura no dia 14 de julho.

1932: Uma página de diário

Elvia Bezerra

26.06.12

Sob o título Caderneta de campo, o livro, considerado a gênese de Os sertões, mereceu copiosas notas de Souza Andrade, o organizador. Ao publicá-lo, em 1975, ele enviou um exemplar a Carlos Drummond de Andrade, que, em carta de agradecimento, não poupou elogios: "Essa Caderneta, então, põe a gente emocionada, e a emoção é dupla: revive-se o dia a dia do escritor/repórter e sente-se a amorosa vigília do seu devoto estudioso a decifrar no microfilme, sem pressa e sem pausa, a miúda caligrafia dos apontamentos originais"

Luiz Gonzaga dormiu lá em casa

Elvia Bezerra

22.03.12

Tetezinha me contou que numa tarde quente e igual a todas as outras, viu Luiz Gonzaga sentado debaixo do pé de juazeiro, na praça da cidade. No calor de 38 graus a que já era acostumado, mas nem por isso deixava de padecer, ele esperava, resignado, que a d. Lozinha, proprietária da única pensão da cidade, lavasse o quarto que ele deveria ocupar. Aquilo não era tratamento que se desse a um rei. A Tetezinha, que nunca intercedia em favor de alguém que não fosse um de nós, os filhos da madrinha, em parte seus também, voltou pra casa às pressas, encheu-se de coragem e pediu a meu pai que hospedasse o cantor.

Drummond: o “querido capanga”

Elvia Bezerra

23.09.11

Quem não soubesse o que Drummond era capaz de fazer por amor aos animais deve ter se espantado de ver seu nome na direção do periódico modesto que circulou a primeira vez em 4 de outubro de 1970, dia de São Francisco, quando, no Rio, se realizava a bênção dos animais na praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema.