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Uma distância segura – por Juliet Litman

Juliet Litman

09.09.11

Até recentemente, romances abordando o 11 de setembro eram recebidos com ceticismo, até mesmo com hostilidade. Mas agora esse tipo de ficção está encontrando mais tolerância. Mudaram os romances, ou mudamos nós? Em 12 de setembro de 2001, a hoje famigerada foto­grafia de Richard Drew de um homem despencando do World Trade Center apareceu no The New York Times sob a manchete UM HORROR DE ARREPIAR: EDIFÍCIOS PEGAM FOGO E DESMORONAM ENQUANTO PASSANTES BUSCAM UMA SEGU­RANÇA ILUSÓRIA. A imagem de Drew capturava seu objeto em pleno ar, o corpo perfeitamente vertical, paralelo às vigas de aço da Torre Norte.

Reaprender a ouvir

Paulo Roberto Pires

19.08.11

Ontem ouvi um disco. E eu com isso? Você pode – e deve  – perguntar. E pergunto eu também: há quanto tempo você não ouve um disco? Há quanto tempo não senta relaxadamente, na companhia de amigos, e fica quarenta e tantos minutos calado, bebericando apenas, sem excessos, concentrado na música? Detesto a tecnofobia edificante... Continue reading

“Desentendimento”: Ruy Ohtake e Márcio Thomaz Bastos respondem a críticas

Equipe IMS

11.08.11

Segue abaixo a reprodução de carta enviada por Ruy Ohtake e Márcio Thomaz Bastos nesta semana ao IMS. Ambos respondem a declarações feitas no debate promovido pelo site da revista serrote em torno da obra de Oscar Niemeyer. A conversa foi filmada, editada e publicada na seção "Desentendimento" no mês passado. O evento reuniu os arquitetos Guilherme Wisnik e Pedro Fiori Arantes e teve mediação de Fernando Serapião.

Os sentidos de Lucian Freud

Equipe IMS

21.07.11

Lucian Freud, morto aos 88 anos, pintou compulsivamente e raramente se pronunciou sobre sua obra. Nos anos 1950, fez uma breve e valiosa reflexão sobre a pintura, publicada na serrote #7 e agora no site da revista como homenagem a um dos maiores artistas do século 20.

Ensaio para quem precisa

Paulo Roberto Pires

05.07.11

Obviamente sediada em Londres, a Notting Hill começou a publicar em maio último e tem em seu catálogo oito títulos. Se, como quer Lucasta, o ensaio é um oásis de personalização na algaravia da web, uma editora nestes moldes é igualmente um bem vindo refúgio numa época edições massivas e produção acelerada em que o volume não é nem poderia ser compatível com a qualidade.

Um passeio na Hipsterlândia

Paulo Roberto Pires

30.05.11

A revelação se deu ao me ver refletido entre a vitrine de um café e uma galeria do Brooklyn: de camisa polo, fico uma besta completa. Tio Gay Talese me ensinou que Nova York é uma cidade em que as coisas passam despercebidas. Espero que do outro lado do rio continue valendo a máxima, pois naquela região gente inteligente SEMPRE usa xadrez e listras, cavanhaques e barbichas, chapéus, topetes em diversas direções e óculos de aros grossos.

O olhar errante de Geoff Dyer

James Wood

29.03.11

Podemos apontar os antecedentes e as influências de Dyer - Nietzsche, Roland Barthes, Thomas Bernhard, Milan Kundera, John Berger, Martin Amis -, mas não seus rebentos literários, já que sua obra é tão incansavelmente variada que se muda para alhures antes que possa constituir uma família. Ele combina ficção, autobiografia, escritos de viagem, crítica cultural, teoria literária e uma espécie de lamúria cômica inglesa. O resultado deveria ser um monte de terra e palha mutante, mas é quase sempre uma curtição amalucada e engenhosa.

Ensaístas, uni-vos

Paulo Roberto Pires

25.03.11

A serrote completa três anos. Criada e pilotada até a quinta edição pelo Matinas Suzuki Jr. e desde o número seguinte por mim, a revista tem motivos de sobra para comemorar este aniversário: afinal, são mais de 1.500 páginas publicadas que cultivam o ensaio, gênero popularíssimo no mundo anglo-saxão e, por aqui, associado quase sempre à solenidade acadêmica e à sisudez pespontada por notas de pé de página - que Edmund Wilson chamava, com razão, de arame farpado em volta do texto.

Diante da memória dos outros

Paulo Roberto Pires

16.03.11

Consagrada pelo culto a autores "densos" como Beckett, Walter Benjamin ou Robert Walser, esnobemente hostil ao que via como "vulgaridade", terminou virando cartoon da New Yorker ou, como lembra Lopate, ganhando uma homengem em Gremlins 2 - um dos monstrinhos resume assim a reivindicação de seu bando: "Queremos civilização: música de câmara, Convenção de Genebra, Susan Sontag!". Mas o pior ainda viria: a posteridade e, com ela, as lembranças dos outros. Definitivamente fora do controle de seu ego avantajado.

1966, um ano qualquer

Paulo Roberto Pires

11.03.11

Annus mirabilis é a expressão latina para um ano excepcional, que logo se transforma em marco, farol de uma época. Basta pensar em 1789, 1968 ou 2001 para imaginar livros, aulas, congressos, debates. Antoine Compagnon, titular de Literatura Francesa Moderna e Contemporânea no Collège de France entra no seu sexto ano como professor da instituição máxima do ensino na França dedicando um curso inteiro a 1966, designando-o como annus mirabilis, ou seja, um ano notável, prodigioso, farol.