Bernardo Carvalho

Oscilação da luz

Bernardo Carvalho

08.06.16

Chantal Akerman se matou dezoito meses depois da morte da mãe. Sofria de crises de depressão. A simbiose com a mãe era uma questão permanente em seus filmes. O silêncio da mãe sobre a experiência nos campos acabou encontrando na imagem dos filmes da filha, como Não é um filme caseiro, uma forma de expressão possível, como se os filmes fossem uma forma substituta, alternativa, de dizer esse silêncio.

O sentido do humano

José Geraldo Couto

30.10.15

Na reta final da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, além de alguns filmes obrigatórios - como O botão de pérola, Son of Saul, Desde allá Os campos voltarão - há inúmeros outros filmes que merecem ser vistos, além de de apostas sem erro como os clássicos restaurados pela Film Foundation comandada por Martin Scorsese, os filmes de José Mojica e de Rogério Sganzerla e brasileiros inéditos de Julio Bressane (Garoto), Ruy Guerra (Quase memória), Gabriel Mascaro (Boi neon), Maria Augusta Ramos (Futuro junho e Seca), Aly Muritiba (Para minha amada morta), Marina Person (Califórnia), e Petra Costa (Olmo e a gaivota), entre muitos outros.

A impossibilidade de se falar sobre Auschwitz

Bruno Mattos

22.07.13

"Auschwitz, para a minha surpresa, abrigava a mesma rotina de um ponto turístico qualquer, como uma igreja antiga, um palácio luxuoso ou um museu. Quais seriam as implicações disso?", questiona Bruno Mattos neste texto que recorre a obras de Primo Levi, Michel Laub e Imre Kerstész para refletir sobre a impossibilidade de se transmitir a realidade dos campos de extermínio nazistas.

Ver o horror

Bernardo Carvalho

03.10.11

Antes de ser transformado em campo de extermínio, Auschwitz servia de caserna para o exército polonês. Os pavilhões de tijolos foram adaptados ao horror e hoje permanecem limpos e impecáveis, numa estranha paz, entre árvores e gramados bem-cuidados. Birkenau é muito mais impressionante. Já nasceu como campo de extermínio. E não deixa dúvidas quanto a sua função original. Não é preciso nenhuma exposição, nenhuma imagem. A vastidão do campo e a arquitetura falam por si. A morte e o horror transparecem no silêncio dos pavilhões de madeira e nas ruínas das câmaras de gás.