José Geraldo Couto

Cinema, matéria e espírito

José Geraldo Couto

10.03.17

Apesar de ter conquistado o prêmio de direção em Cannes, Personal shopper, de Olivier Assayas, não foi muito bem recebido pela maior parte da crítica, segundo relatos jornalísticos do festival. Neste caso, vou trafegar na contramão, pois o filme me pareceu no mínimo formidável.

Renoir, amigo dos homens

José Geraldo Couto

03.02.17

Uma obra única e essencial, de encanto perene, está quase completa na grande retrospectiva A vida lá fora: o cinema de Jean Renoir, destacando aquilo que lhe perpassa e unifica: o infinito interesse por indivíduos concretos, imperfeitos, contraditórios, mais do que por ideias abstratas, enredos dramáticos ou grandes construções estéticas. Descendo vários degraus na escala de grandeza do cinema, entram em cartaz dois filmes norte-americanos candidatos ao Oscar e ambientados no mesmo período: o início da década de 1960.

As sombras de Isabelle

José Geraldo Couto

18.11.16

Numa semana repleta de boas estreias, a mais importante certamente é Elle, o novo filme de Paul Verhoeven, que não tinha uma obra lançada por aqui desde A espiã, de dez anos atrás. Primeiro trabalho do diretor holandês rodado na França, Elle é baseado no romance Oh..., de Philippe Djian e gira em torno de uma enérgica empresária, Michèle Leblanc, dona de uma produtora de videogames. Melhor seria dizer: gira em torno de Isabelle Huppert, a fantástica atriz que a encarna.

Festival Varilux no IMS

Equipe IMS

09.06.16

Começou na última quarta, dia 8 de junho, em 50 cidades brasileiras, a edição 2016 do Festival Varilux de Cinema Francês. Já consagrado como um dos principais eventos difusores da cultura francesa no Brasil, neste ano o festival terá o dobro da duração: serão duas semanas, até o dia 22 de junho. O Instituto Moreira Salles participará do festival a partir desta quinta-feira, dia 9 de junho, nos centros culturais do Rio de Janeiro e de Poços de Caldas. Confira a programação!

Godard, revolução permanente

José Geraldo Couto

16.10.15

Godard faz parte da rara estirpe de artistas que, em vez de se acomodar com o passar dos anos, radicaliza o discurso e afia os instrumentos. Às vésperas de completar 85 anos, continua inquieto, desconcertante e imprevisível. A retrospectiva que entrará em cartaz em São Paulo, Rio e Brasília atestará a coerência e a integridade por trás dessa metamorfose ambulante, dessa revolução permanente.

Samba e a estética da simpatia

José Geraldo Couto

10.07.15

Samba, de Olivier Nakache e Eric Loredano é perfeitamente sintonizado com o momento. Seu tema é a imigração ilegal na França e parece feito sob medida para agradar a um público que quer um tanto de realismo (mas não muito) e um tanto de crítica social (mas não muito). “Simpático” parece ser o adjetivo que mais se aplica ao filme. Já Neruda – Fugitivo, de Manuel Basoalto, corre o risco de desagradar até mesmo aos fãs do poeta chileno. Um tom verborrágico, solene e autocelebratório contagia todo o filme.

Filmar o êxtase

Bernardo Carvalho

05.11.14

O incensado diretor canadense Xavier Dolan não ajuda. O que ele tem a dizer em entrevistas é em geral afetado, pretensioso e fútil. Entrei para ver Mommy pronto para sair no meio do filme, mas em menos de dez minutos já queria ficar para a sessão seguinte. Trata-se de uma obra-prima

 

Os olhos irreais de Rouch

José Carlos Avellar

12.03.14

"Nesses muitos aparentes desvios o filme jamais se afasta da questão anunciada no prólogo: as relações raciais entre brancos e negros. Na África, jovens europeus e africanos deveriam andar juntos?", escreve José Carlos Avellar sobre Cocorico! Monsieur Poulet!, de Jean Rouch. "A referência ao Apartheid na África do Sul do final da década de 1950 vai ao centro da questão: um problema dos sul-africanos? Ou de todos? Que diziam os ingleses? Que diziam os franceses? Que faziam os franceses então na Argélia? Que deveriam dizer e fazer eles, ali, na Costa do Marfim?"