Crime, castigo e compaixão nas Filipinas
José Geraldo Couto
05.05.17
Assistir a um filme do filipino Lav Diaz é uma experiência tanto sensorial como espiritual. Rodado em preto e branco, com os longos e belos planos fixos característicos de Diaz, A mulher que se foi, ganhador do Leão de Ouro no último festival de Veneza, é uma obra comparativamente curta na filmografia do diretor: não chega a quatro horas de duração.
Os grandes sóis violentos
José Geraldo Couto
27.04.17
“O sonho acabou; quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou.” A frase da canção de Gilberto Gil talvez seja uma maneira de resumir em poucas palavras o espírito de No intenso agora. Qualquer descrição ou sinopse será empobrecedora e ilusória, inclusive esta: o documentário de João Moreira Salles, exibido no Rio e em São Paulo no festival É Tudo Verdade, organiza e discute imagens filmadas na China maoísta de 1966, na França de maio de 1968, na Tchecoslováquia da Primavera de Praga e no Brasil da ditadura militar.
Os sonhos geométricos de Antonioni
José Geraldo Couto
20.04.17
Quando se fala em modos de apreensão do espaço-tempo diferentes daquele do cinema narrativo clássico, herdeiro do romance realista do século XIX, um nome que sempre vem à tona é o de Michelangelo Antonioni, um dos expoentes do cinema moderno. A boa notícia é que o Centro Cultural Banco do Brasil apresenta a partir do próximo dia 26 em São Paulo e no Rio uma retrospectiva completa da obra do diretor italiano. No mês que vem a mostra chega também a Brasília.
Um país malvado
José Geraldo Couto
14.04.17
“O Brasil é um país malvado”, disse o exibidor Adhemar de Oliveira durante um debate sobre “Aquarius” em São Paulo, há um ano. Dois novos filmes permitem entender – e comprovar – essa frase terrível: o documentário Martírio, de Vincent Carelli, e a ficção Joaquim, de Marcelo Gomes.
O país que poderia ter sido
José Geraldo Couto
07.04.17
Antonio Pitanga é um ator intuitivo, vigoroso, que justifica o clichê “força da natureza”. Como retratar num documentário as várias dimensões desse singular artista? O caminho escolhido pelos diretores Beto Brant e Camila Pitanga foi fazer um filme com Antonio Pitanga, mais do que sobre Antonio Pitanga. Em Pitanga, é o próprio ator que conduz a narrativa.
Todas as formas de desejo
Kleber Mendonça Filho
04.04.17
Kleber Mendonça Filho, coordenador de cinema do Instituto Moreira Salles, apresenta a obra do cineasta português João Pedro Rodrigues, estrela da retrospectiva em cartaz no IMS-RJ até 12 de abril. Trata-se de uma filmografia única, que explora o desejo humano em todas as suas aparências e disfarces e percorre dos gêneros clássicos ao cinema documental e experimental.
A terceira margem do rio
José Geraldo Couto
31.03.17
O cinema português é um fenômeno. Mesmo com uma produção relativamente pouco numerosa, conta hoje com pelo menos três dos cineastas mais originais e potentes em atividade no mundo: Miguel Gomes, Pedro Costa e João Pedro Rodrigues, cujo longa-metragem mais recente, O ornitólogo, premiado em Locarno, está entrando em cartaz em cerca de vinte cidades brasileiras. Salvo engano, é o primeiro filme do diretor a ser exibido comercialmente no país.
A doença da imaginação
José Geraldo Couto
24.03.17
Split, o título original de Fragmentado, tem várias traduções possíveis, além da adotada pelos distribuidores brasileiros: cindido, despedaçado, dividido, esfacelado... Todas se aplicam ao esplêndido filme de M. Night Shyamalan que está chegando aos nossos cinemas.
Vinicius e Susana em Bolonha
Equipe IMS
23.03.17
O DVD de Vinicius de Moraes, um rapaz de família, documentário de Susana Moraes lançado pelo IMS em versão restaurada e masterizada digitalmente, está entre os finalistas do XIV Il Cinema Ritrovato DVD Awards.
Um crítico em meio ao todo
Orlando Margarido
21.03.17
Tome-se aleatoriamente um ensaio de José Carlos Avellar e será possível detectar muitas das características de seu pensamento e ofício. A análise crítica, seja relativa a um período cinematográfico, seja específica a um filme, era uma delas. Era frequente o crítico adotar o registro pontual para chegar ao mais amplo. Afrontava seu tema não numa análise fechada em si, mas em variado "diálogo" com textos e entrevistas de pares teóricos e realizadores. Avellar fazia ecoar, assim, pontos de vista convergentes ou divergentes a uma tese. Esse procedimento singular de análise foi sendo estabelecido e aperfeiçoado aos poucos.
