José Geraldo Couto

O cinema contra a morte

José Geraldo Couto

16.02.18

Escapando do quase inevitável balcão de apostas dos “filmes do Oscar”, o crítico José Geraldo Couto dá atenção a uma obra singular de um diretor idem. Antes do fim, o mais recente longa-metragem do gaúcho criado e radicado em São Paulo Cristiano Burlan, faz com que a morte e a finitude debatida no dia a dia de um casal de idosos (Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet) oscilem entre a solenidade e a descontração, a tragédia e a ironia derrisória.

Imagem do filme "A moça do calendário"

O futuro é mulher

José Geraldo Couto

30.10.17

A moça do calendário, de Helena Ignez, é um dos filmes mais vigorosos da Mostra de Cinema de SP. O protagonista é o “mecânico e dublê de dançarino” Inácio. Tudo acontece em torno de suas relações com a mulher, com os colegas de trabalho, com o dono da oficina, com seus “bicos” como ator, com o sonho de encontrar a tentadora “moça do calendário.

Bernardet na contramão

José Geraldo Couto

05.08.16

Fome, de Cristiano Burlan, que acaba de entrar em cartaz, acompanha as andanças de um velho mendigo pelas duras ruas do centro de São Paulo. Uma câmera fluente segue de perto seus passos e registra seus pequenos gestos e ocasionais diálogos com outros habitantes da metrópole. Até aí, seria um ensaio ou parábola mais ou menos banal em torno da invisibilidade social, do anonimato urbano, da condição de estar ao mesmo tempo dentro e fora do espaço público. O que torna única essa experiência e lhe confere, ao menos para uma parte dos espectadores, uma dimensão suplementar de significado é o protagonista ser encarnado pelo crítico, professor, pesquisador e ensaísta Jean-Claude Bernardet.