Dez dias de vibração
José Geraldo Couto
24.09.18
O 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi uma edição histórica, não só pela qualidade dos filmes exibidos e pela temperatura dos debates, mas principalmente por trazer à luz o vigor e a diversidade de uma produção cinematográfica hoje ameaçada por todos os lados – pelo desmonte das políticas de fomento do setor, pelo desmonte mais geral do país.
O cinema no olho do furacão
José Geraldo Couto
17.09.18
Mais antigo do país, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro é desde suas origens o mais imbricado com as vicissitudes políticas nacionais. No ambiente inflamável atual, é complicado discernir política e arte, cinema e ação política. Dentre os destaques dos primeiros dias desta 51ª edição estão Torre das donzelas, de Susanna Lira, Domingo, de Clara Linhart e Fellipe Barbosa, e Los Silencios, de Beatriz Seigner.
O inferno é aqui
José Geraldo Couto
10.11.17
Passemos ao largo do fogo cerrado a que Vazante, de Daniela Thomas, foi submetido no último Festival de Brasília. Algumas acusações lançadas ali são tão descabidas que não mereceriam comentário. O problema é que as chagas da nossa formação como país são tão profundas que qualquer filme será insuficiente para aplacar as dores acumuladas ao longo dos séculos. Talvez algumas cobranças, por mais legítimas que sejam, só pudessem ser satisfeitas por uma obra programática, que mostrasse negros heroicos e virtuosos batendo-se contra o dragão da maldade do poder branco. Mas uma tal obra teria escassa eficácia política, esgotando-se na catarse, e valor estético nulo.
Brasília e o cinema proletário
José Geraldo Couto
25.09.17
No ambiente inflamável e polarizado do 50º Festival de Brasília, acabaram ofuscados os filmes que não atendiam às exigências militantes. Cabe esperar que sejam as dores do parto de uma conquista de visibilidade e não o surgimento de uma patrulha duradoura. Por acerto do júri, os prêmios principais foram para obras que superam a falsa dicotomia entre contundência sócio-política e empenho estético.
Branco sai, preto fica – o filme do ano
José Geraldo Couto
20.03.15
Branco sai, preto fica, de Adirley Queirós, é um filme extraordinário na acepção plena da palavra: você não encontrará algo parecido em nenhuma cinematografia. Mais do que borrar a fronteira entre documentário e ficção, o longa a subverte “a partir de dentro”, ao expor o que há de ficção no que chamamos de realidade e o que há de realidade na mais desvairada fabulação.
Riocorrente, Pauliceia incendiada
José Geraldo Couto
27.09.13
"Desde já, arrisco dizer que se trata do grande filme brasileiro da temporada". José Geraldo Couto apresenta Riocorrente, premiado por fotografia e montagem no último Festival de Brasília. Paulistano até a medula, o filme de Paulo Sacramento condensa a pulsação da metrópole, seu horror e maravilha, no drama de três personagens.