Alexandre Vidal Porto

Cloro

Alexandre Vidal Porto

01.02.17

Eu sempre quis escrever sobre autocontrole. O romance no qual trabalho atualmente, cujo título provisório é Cloro, explora essa questão. O narrador, Georges, é um homossexual enrustido casado com uma mulher, e passou a vida toda se controlando. Ele morreu no dia anterior, mas manteve a consciência e se encontra numa espécie de limbo, decidindo quais histórias contaria sobre si na eventualidade de um juízo final.

Retrocesso

Bernardo Carvalho

25.05.16

O multiculturalismo criou uma armadilha para si ao defender uma estratégia em princípio libertária, rompendo o valor subjetivo do cânone ocidental para abrir a literatura à expressão das minorias e à afirmação das diferenças. No momento em que abandona o valor arbitrário e subjetivo para buscar um critério mais democrático e objetivo, baseado na expressão da experiência e da identidade do autor, a literatura abre o flanco para o tipo de redução e inversão que a resenhista reproduz ao analisar o livro de White: romance de gay é para gays. É um retrocesso.

Eu aceito, eu aceito!

Edmund White

04.09.14

No início, muitos gays progressistas menosprezaram a luta pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo, pois viam isso como uma forma de assimilação. Logo, viu-se que era uma causa pela qual valia a pena lutar. Afinal, se os preconceituosos se opõem ao casamento gay com tanta veemência, é porque o casamento é uma instituição fundamental para eles.

Quem tem medo de mulher pelada?

José Geraldo Couto

10.12.13

"Há algo errado num mundo que considera natural ver na tela corpos perfurados, mutilados, torturados, mas julga "desnecessária" uma cena de amor homoerótico", afirma José Geraldo Couto em seu comentário sobre Azul é a cor mais quente, de Abdellatif Kechiche, vencedor de Cannes 2013 que estreou no Brasil nesta semana.

Valium 10, o futebol

Aldir Blanc

27.10.11

Bom, vamos ao meu valium 10 (menos quando joga o Vasco), o futebol. Sou um torcedor heterodoxo, supercrítico. Meu pai me levou desde pequeno ao Maracanã. Comprou uma bandeirinha do Vasco pra mim. Era minúscula, em formato de flâmula. Embora as arquibancadas fossem em degraus, toda vez que eu ameaçava levantar a bandeira, ele cortava: - Abaixa isso pra não atrapalhar a visão de quem está atrás. Pra que dar uma bandeira a um garoto se ele não pode balançá-la?