

Ficção e reportagem
José Geraldo Couto
11.11.16
Mais do que retratar um “herói ou traidor” (segundo o apelativo subtítulo brasileiro), Snowden, novo filme de Oliver Stone, tem o mérito de expor alguns dos temas cruciais de nossa época: a ruptura das fronteiras entre o privado e o público propiciada pela internet, o uso da tecnologia da informação para o controle social e político, as tensões geopolíticas e as guerras remotas, a promiscuidade entre poder institucional e grandes corporações, a margem estreita para a atuação de uma mídia independente etc.


Vida louca, morte besta
José Geraldo Couto
04.11.16
Curumim, de Marcos Prado, é um registro impressionante da autodestruição de um homem, Marco Archer Cardoso Moreira, fuzilado em 2015 por tráfico de drogas na Indonésia depois de onze anos no “corredor da morte”. Em 2012, quando ainda fazia os últimos apelos na esperança de anular ou comutar a sentença, Curumim resolveu documentar seu cotidiano numa prisão de segurança máxima em que dividia a cela com terroristas da Al Qaeda e outros traficantes. Mandava os vídeos pela internet ao diretor, que teve também acesso a um vasto material de arquivo da família e de amigos do personagem.

Política com olhar caloroso
José Geraldo Couto
14.10.16
O que distingue a abordagem política do cineasta polonês Andrzej Wajda, que morreu aos 90 anos no último dia 9, é um olhar caloroso dirigido aos indivíduos, com suas fraquezas e contradições, e um olhar desconfiado diante das grandes ideias, promessas e sistemas. Por isso seu cinema segue mais vivo do que nunca.


A aventura mora ao lado
José Geraldo Couto
07.10.16
José Geraldo Couto compartilha suas apostas para o Festival do Rio 2016 e resenha o filme argentino No fim do túnel, um policial intrincado e violento que transita entre um realismo cru e uma atmosfera por vezes onírica (de pesadelo, no caso) com uma segurança narrativa admirável.


Apologia do esquisito
José Geraldo Couto
30.09.16
Não li a trilogia O lar da senhorita Peregrine para crianças peculiares, de Ransom Riggs (publicada no Brasil pela editora Intrínseca), mas não é difícil perceber por que Tim Burton se interessou pela história e a transformou em seu novo filme. Crianças peculiares habitam desde sempre a filmografia do cineasta e o tipo de fantasia presente no livro é o mesmo do seu universo, em que se entrelaçam o sinistro, o cômico e o maravilhoso.


Brasília, terra em transe
José Geraldo Couto
23.09.16
O festival de Brasília sempre foi o mais quente do cinema brasileiro, e nesta 49ª edição chega fervendo, tanto pela contundência da seleção de filmes como pelas conturbadas circunstâncias políticas que o cercam por todos os lados. Se Cinema novo, de Eryk Rocha, dá a ver um desejo contagiante de cinema como força de transformação humana e social, a exibição do documentário Mártires, de Vincent Carelli, mostrou alguns limites e paradoxos desse desejo.

Sangue azul e Romance policial: a paisagem como drama
José Geraldo Couto
05.06.15
Ambos protagonizados por Daniel de Oliveira, dois filmes impõem sua força ante cenários de cartão postal, evitando o clima National Geographic. Em Sangue azul, que se passa em Fernando de Noronha, o diretor Lírio Ferreira reforça sua aposta no prazer do espetáculo visual e na onipresença do sexo. Em Romance policial, Jorge Durán introduz elementos pessoais numa narrativa de gênero, situada no deserto de Atacama.

Rio, cidade ausente, cidade em chamas
José Geraldo Couto
28.03.14
José Geraldo Couto comenta a animação Rio 2, de Carlos Saldanha, e contrapõe o filme a Rio em chamas, longa-metragem coletivo produzido sob coordenação de Daniel Caetano, e à conturbada situação atual do Rio de Janeiro e do Brasil.