Cinema sem arestas
José Geraldo Couto
30.06.17
Talvez não seja casual que, a certa altura de Uma família de dois, de Hugo Gélin, se faça referência a Eddie Murphy. Omar Sy está hoje para o cinema comercial francês como o comediante norte-americano estava para Hollywood nos anos 1980: é o astro negro oficial, escalado para dar aos filmes um verniz de simpatia e correção política e, no fim das contas, ajudar a mascarar ou edulcorar tensões raciais mais incômodas e verdadeiras.
Políticas do grafite
Leonardo Villa-Forte
30.01.17
O grafite – antes de qualquer debate sobre ser ou não arte – é uma ação política, e não só pelo que pode dizer ou representar, mas por sua própria natureza: uma inscrição sobre um local não previamente designado para tal. A imprevisibilidade é, antes de tudo, um índice de humanidade. Uma cidade totalmente previsível, onde nada escapa, nada sai do lugar, não é uma cidade limpa, mas uma cidade triste.
Como mergulhar em Blow-up
José Geraldo Couto
09.12.16
Há duas maneiras, não necessariamente excludentes, de ver Blow-up (1966), a obra-prima de Michelangelo Antonioni que volta em cópia restaurada aos cinemas brasileiros no ano em que completa meio século de idade. A primeira abordagem atentaria para aquilo que, no filme, serve como retrato de sua época. Visto assim, seria apenas um documento histórico, uma encantadora peça de museu. Mas há um modo mais produtivo de mergulhar nesse filme imenso e buscar as razões de sua persistente vitalidade.
A Mamá e o Chacal
Paulo Roberto Pires
22.09.15
A morte de Carmen Balcells ajuda a encerrar uma era do mercado editorial. Artífice do boom latino-americano, dura e passional na mesma medida, a catalã, que iniciou na profissão a brasileira Lucia Riff, deixa como legado, para além de sua história, uma parceria com o agente literário mais agressivo do mercado global.
A terra e o transe em Boa sorte,meu amor
José Geraldo Couto
13.09.13
José Geraldo Couto apresenta o surpreendente Boa sorte, meu amor, de Daniel Aragão, mais um longa-metragem pernambucano que "encara - e escancara - a sobreposição, no Brasil, de um presente de aparência moderna e uma herança histórica de mandonismo e opressão social".