O que não se pode ver
José Geraldo Couto
31.08.18
Ferrugem e As herdeiras: dois filmes de primeira linha, um brasileiro e o outro paraguaio. Um é habitado por adolescentes, o outro por idosas, mas no fundo ambas tratam da solidão e da dificuldade de entendimento num mundo cada vez mais inóspito, sobretudo nas pontas mais vulneráveis da vida humana, a juventude e a velhice.
Mensagens criptografadas
Karina Kuschnir & Vinícius Moraes de Azevedo
07.08.18
As pichações põem à prova a nossa miopia urbana. Onde vemos borrões, jovens veem marcas nítidas da passagem de pessoas, identidades e bairros. Os rabiscos que cobrem a cidade são nomes com rosto e reputação. São uma linguagem com sensibilidade e valores próprios que delimitam espaços e marcam fronteiras.
Nós, pessoas em silêncio
Carla Rodrigues
17.10.17
Há uma geração inteira de jovens que prefere o envio de áudios sucessivos às longas conversas telefônicas que marcaram minha adolescência, incluindo o estranho debate sobre quem desligaria o telefone primeiro. Há uma geração inteira de jovens cuja troca de textos diários pode significar relações silenciosas, pautadas mais por emojis do que por palavras.
Mais forte que os clichês
José Geraldo Couto
08.04.16
Seria possível realizar hoje, nos Estados Unidos, dentro dos parâmetros do cinema comercial, um drama enxuto, adulto e inteligente, que não resvale para o previsível e convencional? Mais forte que bombas, do norueguês Joachim Trier, atesta que sim. Já em Juventude, de Paoo Sorrentino, o espetáculo visual ameaça sufocar a substância humana do drama, situando-se sempre na fronteira entre o estilo e a afetação, entre o grande cinema e um comercial da M. Officer dos anos 1990.
Sonhos e pesadelos
José Carlos Avellar
20.05.15
Se aceitarmos a hipótese de gostar de um filme sem exatamente compreender o que ele nos fala, por falta de conhecimento da cultura que inspirou sua invenção, chegamos perto da sensação provocada por Cemitério do esplendor, de Apichatpong Weerasethakul, exibido em Cannes na mostra Un certain regard. Nele, estamos na fronteira entre os vivos e os mortos, entre o que percebemos nos sonhos e o que vemos quando despertos.
Retrato do artista quando jovem
José Carlos Avellar
06.06.13
José Carlos Avellar escreve para o Blog do IMS sobre A parte dos anjos, de Ken Loach, um dos filmes exibidos na mostra que começa no dia 7 no IMS-RJ. Revelando o olhar cúmplice e solidário do diretor, pode ser visto como um retrato de seu cinema.