Kelvin Falcão Klein

O inominável atual

Kelvin Falcão Klein

05.02.18

Todo leitor dedicado tem seus autores de estimação, aqueles que acompanha, que busca ler na íntegra. No meu caso, o italiano Roberto Calasso é, sem dúvida, um deles. Um dos principais atrativos de sua escrita é a capacidade que tem de fazer do leitor uma sorte de participante. Trabalhando a partir de lacunas e elipses, faz o leitor preencher os espaços vagos a partir do próprio repertório (como a antiga máxima que diz que a música se dá nos silêncios entre uma nota e outra).

Quando tudo desmorona

Camila von Holdefer

10.10.16

"Se você entendeu Elena Ferrante facilmente, você não entendeu nada", afirma Camila von Holdefer em texto sobre Dias de abandono, romance de 2002 da celebrada autora italiana lançado no Brasil neste ano pela Biblioteca Azul, em tradução de Francesca Cricelli. "Vejo em Ferrante alguém brilhante que jogou habilmente o jogo".

A minha vida foi mais forte que eu

Kelvin Falcão Klein

26.03.12

A ficção de Tabucchi parece uma espécie de desdobramento teimoso da história que contava sobre seu descobrimento de Fernando Pessoa: na década de 1960, em Paris, compra uma edição francesa de "Tabacaria". É neste poema que Álvaro de Campos afirma: "Não sou nada/Nunca serei nada/Não posso querer ser nada/À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo". Tabucchi, que agora está morto, dedicou sua energia criativa de escritor ao ofício de receber em si as vozes e os sonhos dos escritores do passado - ser, enfim, um cruzamento de vozes do além, contendo em si, de forma portátil, uma história muito particular da literatura.