João Paulo Cuenca

Os adivinhos sempre dizem a mesma coisa

João Paulo Cuenca

05.03.12

Pouco depois da sua nossa última troca de cartas, subi o rio Mekong do sul do Vietnã até o Camboja. Quando finalmente desci em Phnom Penh, percebi pela primeira vez que, quando você fica horas viajando em barcos de diferentes tamanhos e finalmente atraca num porto, há uma espécie de enjôo retardado. Seu pés estão firmes no chão, mas a calçada vacila, os prédios parecem fora de prumo. A tontura chega em terra firme.

Macau à flor da pele

João Paulo Cuenca

06.02.12

Chico, em quantos séculos ou décadas as pessoas vão parar de conseguir diferenciar essas cópias dos prédios históricos da cidade? Até que ponto uma igreja em estilo colonial português na Ásia, como a Igreja da Sé, onde entrei e ouvi Roberto Carlos e sua cantilena religiosa pelas caixas de som, é mais autêntica do que qualquer um desses monumentos ao kitsch?

Uma versão desidratada da vida

Chico Mattoso

01.02.12

Essa do grumo de sangue foi demais. Vai direto pro caderninho. Aliás, que belas epígrafes têm teus livros. Não posso dizer o mesmo dos meus, infelizmente. Eles tiveram dezenas de potenciais epígrafes, algumas delas bem bonitas e importantes no processo de escrita, mas na hora da edição final sempre me dá um treco e eu corto tudo. É como se a epígrafe poluísse o livro ? ou, ao contrário, como se o livro tirasse a potência da epígrafe, cujo destino ideal seria ficar boiando no éter, alheia a tudo, emitindo sinais de alta frequência como um sonar ou um golfinho. Enfim. Quem sabe um dia.