
O estrangeiro
José Geraldo Couto
11.10.18
Um filme cabo-verdiano é um corpo mais do que estranho no circuito exibidor brasileiro. Djon África conta de maneira original uma história clássica, a de um homem em busca de seu pai desconhecido. Já o alemão Os invisíveis, sobre a perseguição a judeus escondidos durante o nazismo, resgata valores de compaixão e solidariedade tão imperiosos aqui e agora quanto na Berlim da época de Hitler.


A reprodução da gritaria
Camila von Holdefer
26.09.18
Com ou sem censura, a discussão que se formou em torno da figura e da obra de Robert Mapplethorpe com a polêmica no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, ao mesmo tempo em que diz algo sobre o presente, faz emergir um episódio do passado. Continuamos a explorar e a mobilizar o pânico e o moralismo, buscando brechas na educação e fissuras na tolerância para dizer o que a arte deve ou pode representar, e de que maneira, e para quem.


Vamos chamá-la de Maria
Adriana Armony
10.07.18
Li uma matéria impressionante sobre uma mulher do Centro-Oeste do Brasil, vítima de tráfico sexual para Portugal, e sob o impacto dessa história passei um carnaval e uma semana santa no computador, imaginando o entrelaçamento de duas narrativas: as experiências erótico-amorosas de uma mulher de classe média e as noites assustadoras da escravidão sexual dessa personagem que chamo de Maria e que poderia ser qualquer mulher.

Eu escrevo a Wikipédia – e ninguém lê
Patrick Cruz
12.06.18
Inter de Lages, jogadores de futebol da quarta divisão e generais que nunca existiram: Patrick Cruz explica o que motiva um editor profissional a se dedicar por anos à pesquisa e checagem de dados para artigos obscuros da Wikipédia.

A terceira margem do rio
José Geraldo Couto
31.03.17
O cinema português é um fenômeno. Mesmo com uma produção relativamente pouco numerosa, conta hoje com pelo menos três dos cineastas mais originais e potentes em atividade no mundo: Miguel Gomes, Pedro Costa e João Pedro Rodrigues, cujo longa-metragem mais recente, O ornitólogo, premiado em Locarno, está entrando em cartaz em cerca de vinte cidades brasileiras. Salvo engano, é o primeiro filme do diretor a ser exibido comercialmente no país.

A casa como grande navio
Tatiana Monassa
20.09.16
Realizado por Manoel de Oliveira em 1981 e mantido em segredo até sua morte, conforme vontade expressada pelo diretor, Visita ou memórias e confissões (1982) é uma obra-testamento precoce e um tanto peculiar. O filme estreia no cinema do IMS-RJ nesta quinta-feira, dia 22 de setembro.

Um olhar português
José Geraldo Couto
23.06.16
Um dos grandes cineastas do mundo hoje é o português Miguel Gomes. Com apenas quatro longas-metragens até agora, sua obra é uma das mais criativas e desconcertantes do novo século. Os cinéfilos cariocas têm até o dia 6 de julho a rara oportunidade de ver, em sequência ou na ordem que preferirem, os três “volumes” do monumental As mil e uma noites, de 2015. Cada uma das três partes tem pouco mais de duas horas e compõe-se, por sua vez, de diversos episódios com tênue conexão entre si.

Cães
Bernardo Carvalho
05.08.15
Tentei abrir a boca do cão e tirar de lá de dentro o bicho que já não gritava nem se mexia. Em vão. Desci pro meu quarto com a culpa de ter matado o pássaro – ou pelo menos de ter criado as condições de possibilidade para que isso acontecesse.

Tabu reinventa África colonial
José Geraldo Couto
28.06.13
Mitos aventureiros românticos e ecos do colonialismo se misturam sobre um pano de fundo de uma África "de cinema" em Tabu, do português Miguel Gomes. Já é um dos melhores filmes de 2013 para José Geraldo Couto, "por sua originalidade desconcertante, seu frescor, sua rara combinação de liberdade de imaginação e rigor de linguagem".