Paulo Raviere

A bandeira da Síria em seu perfil

Paulo Raviere

05.04.18

O problema não é postar o sentimento solidário, mas transmitir essa compaixão com superioridade, fiscalizar o luto dos outros, conceder cliques como quem assina manifestos. Algumas causas são mais urgentes que outras, mas a irrelevância dos resmungos é equiparável.

Cena do filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick

Declínio e queda do esprit d’escalier

Paulo Raviere

09.11.17

No Zeitgeist de uma era marcada por elevadores e conexão ilimitada não existe espaço para o esprit d’escalier. Assim como nos é possível enviar a resposta a qualquer hora do dia, podemos adiá-la conforme nossa conveniência. E tendo sido burilada com tanto esmero, ninguém guarda para si a sentença ferina. Quando alguém percebe que disse uma besteira, sua reação seria se envergonhar, certo? Não quando encontra quem a endosse.

A ousadia literária de 2016

Mànya Millen

26.12.16

Aviso: esta não é uma lista de melhores livros do ano. Listas costumam ser encaradas com desconfiança, e não sem razão. Este também não é um apanhado (quase sempre chatíssimo) do mercado editorial brasileiro em 2016. Este texto não é igualmente uma lista das perdas de grandes personagens do mundo literário, embora elas tenham sido muitas e sentidas. Estas linhas são para ressaltar que 2016 foi o ano em que a literatura galgou um novo patamar, e a ousadia foi referendada justamente pela mais vetusta e pomposa das instituições: a Academia Sueca.

Tradução, poética do improvável

Rogério Bettoni

10.11.16

Talvez essa seja a primeira lição que a gente aprende quando começa a traduzir: que tradução é “quase a mesma coisa”, princípio que dá título a um livro de Umberto Eco sobre o tema. E qualquer livro que caia nas mãos de um tradutor iniciante será um desafio de redescoberta da linguagem e de suas possibilidades, seja um livro de autoajuda, um romance cor-de-rosa ou um texto de filosofia.

Dr. Umberto e Mr. Eco

Paulo Roberto Pires

20.02.16

Quem, até 1980, conhecia Umberto Eco, um denso scholar que dava seminários e cursos como tantos professores de prestígio, jamais o imaginaria como um best-seller planetário. Muito menos veria nele uma celebridade intelectual, personagem proeminente no universo pop que, em seus livros, era objeto de estudo e crítica. O médico e o monstro - você escolhe quem é quem – construíram a quatro mãos uma vida intelectual densa e rara, que se encerra com perfeição insuspeita com sua morte, aos 84 anos.

Casablanca setentinha

João Luiz de Albuquerque

23.11.12

Parabéns pra você, Casablanca, nesse seu aniversário, virando setentinha. O lançamento foi em 26 de novembro de 1942, em Nova York, lembra? Nasceu prematuro, o parto normal marcado para 23 de janeiro do ano seguinte, coisa com o Oscar de 1944. Filme nas latas, a Warner Brothers não quis perder a bola levantada pela invasão aliada à Casablanca dominada pelos nazistas.