Carla Rodrigues

A uberização da vida

Carla Rodrigues

17.12.18

Aos poucos passamos a mediar afetos e a gerir a vida cotidiana a partir de aplicativos. Era para ser antissistema, e em muito pouco tempo virou o grande sistema. Combinamos geolocalização com uberização – só possível graças ao funcionamento de sistemas muito complexos – e com a estranha difusão da ideia de que a cada adesão a um novo sistema estamos agindo contra um sistema.

O real é o que resta

Renato Galeno

16.10.18

Quando a ficção científica, como a obra de Philip K. Dick, é mais real que o presente: o “processo civilizador” descrito por Norbert Elias – a crescente autocontenção da parte animalesca do ser humano – parece ter esbarrado no muro dos grupos de WhatsApp. A crença em “verdades” não fundamentadas possibilita a normalização da violência.

O meio ainda é a mensagem

Carla Rodrigues

18.06.18

As conversas instantâneas pelo Whatsapp estão inscritas na ilusão de que a toda demanda corresponde uma possibilidade de resposta, o que é evidentemente impossível. Responder, monitorar, gerenciar e demandar são os verbos do tempo em que, como tudo é urgente, perdemos todos a noção do que é de fato uma emergência.

Saturação nossa de cada dia

Carla Rodrigues

19.06.17

É como uma cor muito saturada e, por isso, quase ofuscante, que tenho passado os dias, as semanas e talvez os meses, cansada e repleta de estímulos que, por excessivos, já não me dizem mais nada.

Quando as palavras mudam

Carla Rodrigues

08.05.17

Se era verdade que a escolha de cada significante dizia alguma coisa a meu respeito, hoje praticamente posso escrever mensagens de texto inteiras em que a escolha das palavras se dá pelos algoritmos que ensinaram o sistema a repetir o meu repertório. O ato falho vai sendo, assim, substituído pelo erro do “autocompletar”. Se com Freud havíamos aprendido a “repetir, elaborar, recordar”, um século depois talvez a tríade esteja sendo superada por novas formas de submissão aos algoritmos.

Amor e política em tempos difíceis

Carla Rodrigues

22.03.16

Em tempos de whatsapp, Facebook e Twitter, o vazamento de áudios de conversas telefônicas mobilizam não apenas pelo seu conteúdo, mas pelo poder da voz em transmitir aquilo que vai além do texto. Na velocidade de mensagens curtas e fragmentadas, a comunicação é mera ilusão tanto na política quanto no amor.