No dia 9 de março será inaugurada a exposição de Fotolivros latino-americanos no IMS-RJ, baseada no livro homônimo publicado pela Cosac Naify em 2011. A mostra, de curadoria do argentino Horacio Fernández, apresenta 66 publicações, 119 fotografias e oito vídeos produzidos a partir de imagens dos livros presentes na mostra. No dia da abertura, às 17h, o IMS promove uma mesa-redonda entre Horacio Fernández, Marcelo Brodsky, Iatã Cannabrava e Cassiano Elek Machado.
Para Thyago Nogueira, editor da revista ZUM, os fotolivros representam uma forma democrática de circulação das fotografias. Em épocas pré-internet, fotógrafos necessitavam de fotolivros para conhecer a obra de artistas como Cartier-Bresson sem precisar viajar à Europa. Todavia, conta Thyago, “até alguns anos, os fotolivros eram pouquíssimo conhecidos, com raras exceções. Horacio Fernández mostrou como as publicações contam uma história paralela da fotografia, mais desconhecida, mas tão importante quanto a história oficial”.
Entre as obras da mostra, encontram-se fotolivros raros, como “Amazônia”, da Claudia Andujar, cujo prefácio de Thiago de Mello foi censurado na época de sua publicação, que apresenta fotos da região onde viviam os índios Yanomamis.
Para o curador da mostra, os fotolivros “não representam a história política dos países, pois são incompletos, mas mudaram a história da fotografia. Fotolivros representam discursos muito diferentes, com relações internas complexas entre as fotografias. É uma maneira viva, plural e metafórica de contar uma narrativa”. Entre os critérios adotados para a escolha das obras estava o de incluir apenas fotógrafos que residiram na América Latina, excluindo fotógrafos viajantes, mas dando espaço a europeus e norte-americanos que construíram sua obra em território latino-americano, como Pierre Verger e Maureen Bisilliat.
“Os fotolivros, por se tratarem de um esforço conjunto, onde há decisões editoriais de muitas pessoas, se aproximam mais do cinema do que da arte”, reflete Horacio Fernández. “De certo modo, os fotolivros estão à margem do mercado da arte, ainda que o cenário esteja mudando. O mercado da arte é marcado pelo colecionismo do objeto único, e fotolivros são produzidos em grande escala”. Talvez por isso mesmo representem um dos meios mais democráticos de circulação da arte fotográfica.