Cinco vezes IMS Paulista

Em cartaz

17.07.17

Nada menos do que cinco mostras distintas, entre elas a célebre série Os americanos, do fotógrafo Robert Frank, e a premiada videoinstalação The Clock, de Christian Marclay, vão marcar a inauguração da nova sede do Instituto Moreira Salles em São Paulo, em 20 de setembro de 2017.

O centro cultural instalado no número 2424 da Avenida Paulista, por si só uma obra arquitetônica de características inovadoras, abrirá ao público uma programação ampla de exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, filmes, palestras, debates, cursos e shows, entre outros eventos.

As primeiras mostras a ocupar os mais de 1.200 metros quadrados dedicados a exposições, divididos em quatro andares, apresentam obras de artistas com linguagens visuais diversas, num conjunto que reforça a pluralidade da imagem na arte contemporânea. Abaixo, um breve resumo do que vem por aí.

© Robert Frank

Robert Frank, Parade – Hoboken, New Jersey, do livro The Americans

Robert Frank – Os americanos e Os livros e os filmes [20/9 a 30/12] Curadoria de Samuel Titan Jr., Sergio Burgi e Gerhard Steidl. A obra do fotógrafo Robert Frank, nascido na Suíça em 1924, um dos nomes mais importantes em atividade em sua profissão, será vista pelo público em duas mostras que ocuparão a Galeria 3. Os americanos é o resultado da viagem na qual o fotógrafo percorreu os Estados Unidos de alto a baixo, entre 1955 e 1957, registrando o país e seus personagens em recortes sociais, econômicos, culturais e políticos. Das 27 mil fotografias realizadas na viagem ele selecionou 83 para compor este clássico e poderoso retrato de corpo inteiro de uma América multifacetada, também transformado em livro homônimo, cuja versão brasileira será publicada pelo IMS – numa parceria com a célebre editora alemã Steidl, que imprimiu a obra – e lançada na inauguração da mostra. O conjunto de Os americanos apresentado no IMS Paulista pertence à Maison Européenne de La Photographie, e é uma das poucas tiragens originais completas existentes.

© 2017 Robert Frank/Steidl

Página de Me and My Brother, de Robert Frank

Os livros e os filmes é uma montagem itinerante que une duas facetas de Frank, a de fotógrafo e a de realizador – aproximadamente 25 filmes dele também serão exibidos numa retrospectiva no cinema do IMS. A mostra tem concepção e curadoria de Gerhard Steidl, proprietário da mais importante editora de livros de fotografia do mundo, que leva seu nome, e já foi apresentada em diversos países, mas esta será a primeira vez em que é vista ao lado de uma tiragem original de Os americanos. Trabalhando com o fotógrafo desde 1989, Steidl, que já publicou 31 títulos de Frank, entre livros e caixas com sua filmografia completa, criou uma série de banners que são como livros abertos, exibindo suas páginas com as respectivas fotografias e frames (no caso dos filmes, que também viraram livros), complementadas por textos explicativos. Vídeos sobre o realizador também serão exibidos continuamente na sala. Montadas lado a lado, portanto, Os americanos e Os livros e os filmes formam um belo painel sobre o homem que retratou, e compreendeu, a América.

Galeria 3

Mostra de filmes de Robert Frank: no cineteatro.

Divulgação

Exibição de The Clock, de Christian Marclay

The Clock – Christian Marclay [20/9 a 19/11] A videoinstalação do artista suíço-americano, criada em 2010, ganhou em 2011 o Leão de Ouro na Bienal de Veneza, e propõe ao espectador uma experiência cinematográfica com duração de 24 horas. Considerada uma obra-prima, The Clock é composta por milhares de imagens extraídas de filmes de diversas épocas (de cenas de tiroteios a perseguições de carro), proporcionando uma viagem pela história do cinema. Uma viagem marcada em tempo real por relógios que aparecem em algumas cenas dos filmes, e são sincronizados com o horário de exibição da obra. Para quem quiser viver a experiência em sua totalidade, as 24h de The Clock serão exibidas na íntegra uma vez por semana, das 10h de sábado às 10h de domingo, nas seguintes datas:  23 e 30/9,  7, 14, 21 e 28/10 e 4, 11 e 18/11.

Galeria 1

Barbara Wagner

Barbara Wagner, cena do filme Terremoto santo

Corpo a corpo [20/9 a 30/12] Curadoria de Thyago Nogueira e Valentina Tong (assistente). Obras de Jonathas Andrade, Sofia Borges, Bárbara Wagner, Letícia Ramos, coletivos Garapa e Mídia Ninja. O corpo e a maneira pela qual ele se torna um instrumento de protagonismo na sociedade é o grande tema desta mostra reunindo seis artistas contemporâneos. São trabalhos que evocam diversos tipos de violência, como os registros feitos pela Mídia Ninja durante as turbulentas manifestações de 2013; os estudos de Letícia Ramos para analisar a resistência do corpo aos impactos físicos ocorridos em confrontos; o discurso de ódio que emana das imagens de linchamentos, nos Estados Unidos e no Brasil, recolhidas e catalogadas pelo Garapa. Há ainda o corpo como emissor inequívoco dos sinais reveladores do jogo político, presente nos flagrantes de deputados e senadores feitos por Sofia Borges no Congresso Nacional; e também como afirmação de identidades diversas nos retratos de Jonathas de Andrade, feitos a partir da releitura de uma pesquisa sobre classe e raça realizada no Brasil rural da década de 1950. Por fim, também estará à mostra o corpo espetacularizado, exposto nos trabalhos de Bárbara Wagner, um deles sobre um reality show produzido para selecionar um novo MC, o outro em torno de um musical gospel no interior de Pernambuco. Os trabalhos foram feitos especialmente para a exposição no IMS, incluindo o da Mídia Ninja, que organizou em formato inédito todo o material produzido em 2013.

Galeria 2

O fotógrafo Michael Wesely na desmontagem de uma das câmeras

Câmera AbertaMichael Wesely [a partir de 20/9] Curadoria de Thyago Nogueira e Valentina Tong (assistente). Em 2014, o artista alemão Michael Wesely instalou várias câmeras em pontos estratégicos do prédio do IMS Paulista para capturar, continuamente, imagens das quatro faces do novo centro cultural desde o início de sua construção. Wesely, autor de projetos semelhantes feitos durante a reforma do MoMa, em Nova York, e da Potsdamer Platz, em Berlim, usou equipamentos digitais e analógicos para registrar imagens em longa exposição, que condensam vários momentos em uma única fotografia. “Todo o processo de construção deixa rastros na fotografia, e é surpreendente notar o que fica visível”, disse o fotógrafo em entrevista a Antônio Xerxenesky publicada no Blog do IMS em 2015. Imagens selecionadas deste conjunto ficarão expostas no Estúdio, espaço que ocupará o último andar do prédio.

Estúdio

Tuca Vieira, Cidade Jardim, São Paulo (2015)

São Paulo: Três ensaios [20/9 a julho de 2018] Curadoria de Guilherme Wisnik. Na inauguração do IMS Paulista, nada mais natural que a capital fosse uma das estrelas da programação. A cidade poderá ser vista sob diversos ângulos e em diversas épocas na projeção de imagens concebida pelo pesquisador e crítico de arquitetura com fotografias feitas desde 1862 até os dias atuais. O ensaio visual acompanha a transformação da metrópole ao longo das décadas por meio de trabalhos de nomes como Marc Ferrez, Militão Augusto de Azevedo, Alice Brill, Vincenzo Pastore, Hildegard Rosenthal e Thomaz Farkas, entre outros fotógrafos do acervo do IMS, até autores contemporâneos como Cristiano Mascaro, Cássio Vasconcellos, Tuca Vieira, Tatewaki Nio, Raul Garcez, João Musa e Josef Bernardelli.

Estúdio

, , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,