José Carlos Avellar

Pai país mãe pátria

José Carlos Avellar

08.08.16

No cinema brasileiro dos anos 1960, o político e o social desfocavam a família, que nas produções do final dos 1990 assume o protagonismo, encarnando nos indivíduos os dramas do coletivo. Leia um trecho de Pai país mãe pátria, livro inédito de José Carlos Avellar sobre as representações familiares no cinema brasileiro, que o IMS publicará em 2016.

O abraço de Nietzsche

José Carlos Avellar

05.01.16

Como não narra uma história, como reúne a matéria bruta que antecede à construção de uma narração, cada cena de O cavalo de Turim, novo filme do húngaro Béla Tarr em cartaz no IMS-RJ, é mais o tempo que ação dentro dela, mais o espaço em que os personagens se movem que o movimento deles no espaço.

O feijão e o filme

José Carlos Avellar

07.12.15

Em cartaz até o fim de dezembro no IMS-RJ, Sabor da vida, novo filme de Naomi Kawase, que apresenta uma história e estilo narrativo muito suave. Mas a obra não é feita só de harmonia: é marcada por um drama que se passa fora de quadro. O espectador não é chamado a sofrer o que os personagens sofrem. Vive e sofre numa outra dimensão, paralela, solidária, mas outra.

Mamma Roma: seis notas

José Carlos Avellar

29.10.15

Seis notas soltas para aumentar a vontade de ver Mamma Roma (1962), segundo longa-metragem de Pier Paolo Pasolini, em cartaz no cinema do IMS do Rio de Janeiro até 11 de novembro. Nas palavras do diretor: “Campo e contracampo. Nenhum plano-sequência, poucas panorâmicas”.

Cuidadosamente, para não entornar

José Carlos Avellar

21.10.15

A afirmação é feita pela negação. Maior o desespero, maior a intensidade do pequeno instante de felicidade que nada pode quebrar ou impedir. Por mais insensata que seja a existência, um só instante em que a vida se libera sem impedimentos supera todo o sofrimento. 

As folhas de contatos e o fotojornalismo

José Carlos Avellar

26.05.15

O IMS prepara o lançamento de Contatos 1: a grande tradição do fotojornalismo, um DVD com uma série de conversas filmadas sobre fotografia. Nos vídeos, o próprio fotógrafo nos convida a acompanhar seu processo criativo, analisar a folha de contatos, descobrir como a imagem final foi construída. E mais, com os olhos do fotógrafo encontrar na folha de contatos o gesto fotográfico como uma espécie de memória do instante.

Inferno, purgatório, céu

José Carlos Avellar

25.05.15

O filme que o júri do festival de Cannes escolheu para a Palma de Ouro foi Dheepan, de Jacques Audiard, que narra uma história de violência em torno de traficantes de droga que, pela sua estrutura, parece dividido em inferno, purgatório e céu. E, no centro da obra, o processo de adaptação dos migrantes ao mundo francês.

O aberto, o fechado e o enfermeiro de Cannes

José Carlos Avellar

22.05.15

Em Cannes, dois filmes feitos para a janela de projeção hoje raramente utilizada, 1:33, o retângulo mais próximo do quadrado: um chinês, O assassino, de Hou Hsiao-Hsien, outro húngaro, O filho de Saul, de László Nemes. O olhar passeia à vontade pela paisagem aberta de O assassino e se perde no labirinto escuro de O filho de Saul. Estamos à vontade no espaço do filme de Hsiao-Hsien, mas desconfortáveis no de Nemes.

Um filme de Fenyang

José Carlos Avellar

21.05.15

A exibição de Mountains may depart, novo filme de Jia Zhangke, ocasionou a primeira reação de entusiasmo em Cannes, tanto na projeção para críticos e jornalistas quanto na sessão de gala para o público do festival. O longa se destaca por imagens de um prolongado tempo interno, nas quais os personagens entram e saem de quadro, desaparecem e são reencontrados pela câmera ou se convertem em presença que se revela apenas pelo som.

Sonhos e pesadelos

José Carlos Avellar

20.05.15

Se aceitarmos a hipótese de gostar de um filme sem exatamente compreender o que ele nos fala, por falta de conhecimento da cultura que inspirou sua invenção, chegamos perto da sensação provocada por Cemitério do esplendor, de Apichatpong Weerasethakul, exibido em Cannes na mostra Un certain regard. Nele, estamos na fronteira entre os vivos e os mortos, entre o que percebemos nos sonhos e o que vemos quando despertos.