O feijão e o filme
José Carlos Avellar
07.12.15
Em cartaz até o fim de dezembro no IMS-RJ, Sabor da vida, novo filme de Naomi Kawase, que apresenta uma história e estilo narrativo muito suave. Mas a obra não é feita só de harmonia: é marcada por um drama que se passa fora de quadro. O espectador não é chamado a sofrer o que os personagens sofrem. Vive e sofre numa outra dimensão, paralela, solidária, mas outra.
Mamma Roma: seis notas
José Carlos Avellar
29.10.15
Seis notas soltas para aumentar a vontade de ver Mamma Roma (1962), segundo longa-metragem de Pier Paolo Pasolini, em cartaz no cinema do IMS do Rio de Janeiro até 11 de novembro. Nas palavras do diretor: “Campo e contracampo. Nenhum plano-sequência, poucas panorâmicas”.
Cuidadosamente, para não entornar
José Carlos Avellar
21.10.15
A afirmação é feita pela negação. Maior o desespero, maior a intensidade do pequeno instante de felicidade que nada pode quebrar ou impedir. Por mais insensata que seja a existência, um só instante em que a vida se libera sem impedimentos supera todo o sofrimento.
Olmi e Guzmán em DVDs do IMS
Equipe IMS
20.10.15
Ermanno Olmi e Patricio Guzmán, cineastas que serão homenageados com Prêmio Humanidade na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, têm filmes na coleção de DVDs do IMS.
Bom Fim, sem fim
Daniel Pellizzari
31.08.15
O documentário Filme sobre um Bom Fim, de Boca Migotto, conta a história da era de ouro de um bairro icônico de Porto Alegre. Ao longo das décadas de 1970 e 1980, o Bom Fim abrigou uma efervescência cultural e boêmia que rendeu inúmeros frutos no audiovisual, na música e em outras artes, e que também criou um espírito coletivo que seguiu em frente mesmo após a decadência dessa faceta do bairro.
Horror onírico
Antônio Xerxenesky
09.06.15
Dois filmes de terror de 2014 se destacaram entre a crítica: o australiano Babadook, e It Follows, do americano David Robert Mitchell. Este último, à primeira vista, parece ser mais uma obra nostálgica que homenageia o terror dos anos 1970 e 1980. No entanto, o que possui em comum com o cinema de Argento e outros está na lógica de sonho que propõe encenar.
Inferno, purgatório, céu
José Carlos Avellar
25.05.15
O filme que o júri do festival de Cannes escolheu para a Palma de Ouro foi Dheepan, de Jacques Audiard, que narra uma história de violência em torno de traficantes de droga que, pela sua estrutura, parece dividido em inferno, purgatório e céu. E, no centro da obra, o processo de adaptação dos migrantes ao mundo francês.
O aberto, o fechado e o enfermeiro de Cannes
José Carlos Avellar
22.05.15
Em Cannes, dois filmes feitos para a janela de projeção hoje raramente utilizada, 1:33, o retângulo mais próximo do quadrado: um chinês, O assassino, de Hou Hsiao-Hsien, outro húngaro, O filho de Saul, de László Nemes. O olhar passeia à vontade pela paisagem aberta de O assassino e se perde no labirinto escuro de O filho de Saul. Estamos à vontade no espaço do filme de Hsiao-Hsien, mas desconfortáveis no de Nemes.
Um filme de Fenyang
José Carlos Avellar
21.05.15
A exibição de Mountains may depart, novo filme de Jia Zhangke, ocasionou a primeira reação de entusiasmo em Cannes, tanto na projeção para críticos e jornalistas quanto na sessão de gala para o público do festival. O longa se destaca por imagens de um prolongado tempo interno, nas quais os personagens entram e saem de quadro, desaparecem e são reencontrados pela câmera ou se convertem em presença que se revela apenas pelo som.
Sonhos e pesadelos
José Carlos Avellar
20.05.15
Se aceitarmos a hipótese de gostar de um filme sem exatamente compreender o que ele nos fala, por falta de conhecimento da cultura que inspirou sua invenção, chegamos perto da sensação provocada por Cemitério do esplendor, de Apichatpong Weerasethakul, exibido em Cannes na mostra Un certain regard. Nele, estamos na fronteira entre os vivos e os mortos, entre o que percebemos nos sonhos e o que vemos quando despertos.